sexta-feira, 3 de julho de 2009

Mentes Perigosas

Não sei se deveríamos colocar o nosso país em alerta vermelho ou em alerta amarelo.
Quando vi os últimos estudos divulgados sobre os hábitos de leitura dos portugueses, fiquei um bocado inquieta…
Os resultados deixam-me preocupada, quase tanto como a gripe A…
Ouvi, há dois dias, uma técnica de saúde referir que todas as gripes começam por ser pandémicas, passando depois a gripes comuns. Eu acredito, mas até isso acontecer é um pandemónio…
A iliteracia preocupa, mas a falta de vontade e o desinteresse pela leitura são coisas que me deixam desgostosa. Ler é uma das maravilhas do mundo, ler dá asas à nossa imaginação e à nossa fantasia. Eu adoro ler e, se conseguir que esse prazer seja usufruído numa esplanada (preferencialmente com vista para o mar) ou num café (cheio de gente mas que eu só ouça o ruído de fundo), então sim, junta-se o agradável…ao agradável…
O desinteresse pela leitura é uma pandemia há muito instalada no nosso país e por vezes penso que combatê-la é uma batalha perdida, uma luta contra moinhos de vento.
Dizia o estudo que 57% dos portugueses lêem livros mas lêem apenas de duas a cinco obras por ano. Desconfio que nestas obras estarão incluídos os livros do código da estrada, os livros de reclamações, os livros de receitas, os livros escolares, os livros de instruções, os livros do Tio Patinhas, os livros de auto ajuda e os livros de cheques…
A leitura de livros ocupa o 6º lugar na forma como os portugueses ocupam os seus tempos livres, 17% contra 97% a ver televisão.
Sarcasmos à parte, até porque eu também faço parte da percentagem que vê televisão, dos 57% de portugueses que lê, a maioria são mulheres… e estou convicta de que Mario Vargas Llosa tem razão quando diz que é graças a elas que ainda hoje a literatura continua a ser publicada e vendida…


O livro “Mulheres que lêem são perigosas” de Stefan Bollmann apresenta, julgo que através do olhar de fotógrafos e pintores, a relação entre as mulheres e os livros, ao longo de quatro séculos.
Bollmann foi mais longe e no livro “Mulheres que escrevem vivem perigosamente” conta-nos histórias de mulheres que, contra tudo e contra todos, pensaram e escreveram.
No prólogo de “Mulheres que lêem são perigosas” pode ler-se:
“Nas fogueiras da Inquisição arderam sobretudo mulheres e livros”.

Sem comentários: