segunda-feira, 27 de julho de 2009

AYA… KI DO!

Não levem a sério tudo o que está escrito abaixo. Este texto é fruto de uma mente deveras perturbada… Isto não é um texto, é um pagode!!)


No dia 23 de Julho, 5ª feira, fomos jantar ao AYA, restaurante japonês.
Dizem que foi um dos primeiros restaurantes típicos japoneses a introduzir em Portugal a gastronomia japonesa.
Dizem que é considerado um dos melhores restaurantes japoneses da capital, onde os sabores e aromas nipónicos são misturas para criar pratos que são verdadeiras iguarias.
Dizem que o novo AYA, situado em Carnaxide, tenta manter a tradição, procurando transmitir ao cliente a sensação de estar no Japão com os costumes e tradições próprios. Esta sensação tem tendência a acentuar-se rapidamente, assim que vem a conta…porque ficamos com os olhos em bico e essa impressão não desaparece com facilidade, aliás, hoje já é dia 27 e eu ainda não me refiz do choque…
Banzai!? Qual Banzai, qual carapuça, eu fiquei mesmo foi Banzada!!
Vou contar como tudo se passou.
O jantar estava marcado para as 20 horas.
Fui de boleia com o Z.V., que consegue superar o J. em pontualidade, pois chegámos ao parque de estacionamento ainda faltavam 20 minutos para a hora marcada… Deveria agradecer-lhe por termos chegado adiantados. À porta estava a ementa (que eu não fui consultar…) e só mais tarde me apercebi que ele, subtilmente, me tinha dado uma oportunidade de fuga… que eu não soube aproveitar!...
Entrámos na sala grande com um balcão corrido ao fundo.
Nesse balcão, alguns empregados gritam qualquer coisa sempre que alguém entra na sala.
Segundo Marcelo Katsuki, eles gritam Irashaimasse, que significa "seja bem-vindo" mas, na verdade, o que me pareceu ouvir foi Vais ficar sem massa
Eles até são sérios e avisam o pessoal logo à entrada mas, como assim que entramos ficamos imbuídos pelo espírito nipónico, pensamos, ingenuamente, que eles estão a falar japonês… A mim já não me apanham mais desprevenida…
Aos incautos, se vos parecer que estão a falar japonês, então, saiam o mais rapidamente possível, para não saírem depenados, aliás, descamados…
Fomos conduzidos a uma sala privada, antecipadamente reservada.
Esta imagem mostra-nos dois reservados, divididos por caninhas (talvez de bambu…), que foram transformados numa sala única, juntando as duas mesas, visto que nós éramos muitos. Foi exactamente aqui que abancámos.

É gira, não é? Eu também achei e acho… Mas os cadeirões amarelos são pesadíssimos! Nessa altura é que entendi por que razões, tradicionalmente, os japoneses comem sentados no chão (no tatami)… quem é que tem cabedal para andar a puxar e empurrar cadeiras daquelas, só a comer peixinho? Vai lá vai…
Deixo-vos aqui uma informação a respeito dos lugares à mesa. Aprendam!
O convidado mais importante senta-se no lugar de honra (Kamiza), distante da entrada. Se houver Tokonoma (lugar mais alto junto à parede), o convidado senta-se em frente dele. O anfitrião ou a pessoa de menor status social senta-se junto à entrada (shimoza).

Depois de devidamente instalados, comecei a olhar para um pacotinho de plástico que estava junto a cada um dos pratos. Peguei nele e constatei que estava quente!? A indecisão assaltou-me…o que será isto? Não sei, hesito!... (Gostava de saber se o nosso Presidente Cavaco Silva não teve dúvidas na sua primeira visita a um restaurante japonês…).
Alguns dos meus doutos amigos lá explicaram que o duvidoso pacotinho tem lá dentro uma toalhinha, o oshibori, que serve para limpar as mãos e relaxar.
Segundo li, a toalhinha costuma estar quente no Inverno e fresca no Verão mas, as nossas estavam todas quentes…julgo que eles não queriam que o nosso entusiasmo arrefecesse…
Um bocado desfocada, resultado dos meus tremores, mas ei-la!...

Pedi um chá japonês frio (além de leve é óptimo para a digestão) e como não sei manejar os hashis (pauzinhos), o empregado fez uma pinça usando um elástico.
Quando olhei à minha volta, já havia muitas pinças, sinal de que eu não estava só, nesta guerra…

Houve quem pedisse um saquê, uma bebida fermentada de arroz. Não quero ser maldizente mas não me soube a nada…
A ementa, para a grande maioria de nós, era perfeitamente prescindível. Penso que até um burro a olhar para um palácio consegue tirar disso maior proveito que nós a olhar para a lista…
Valeu-nos, mais uma vez, a experiência dos mais sabedores e, ao fim de algum tempo, as escolhas foram criteriosamente feitas. Os desconhecedores, como eu, não foram perdidos nem achados nestas selecções.
Para que todos saibam, não há uma regra para a sequência dos pratos mas, dizem os entendidos que geralmente se começa com o sashimi (peixe cru).
Reuni aqui alguma informação que acho interessante.
As refeições devem ser saboreadas com a boca, os olhos e o coração, nunca esquecendo o lado saudável e tradicional da combinação dos vários ingredientes, como acontece com a tempura que deve ser acompanhada com molho e nabo ralado para facilitar a dissolução das frituras ingeridas, ou com o peixe cru, onde a utilização do wasabi (raiz forte) e o su (vinagre de arroz) mantêm a sua qualidade.
As tranches dos peixes só devem ser cortadas na altura da confecção e ingeridas logo após, para o sabor e a textura não serem alterados, sendo a elaboração demorada.
O sushi e o sashimi vêm acompanhados de pepinos e daikon-oroshi (nabo ralado) além de folhas de shissô intercalando fatias de peixe. Pode parecer só decorativo, mas há uma grande finalidade: os legumes ajudam a regularizar os índices de ácido úrico que a ingestão de peixes provoca no organismo, principalmente o pepino e o nabo. Já as folhas de shissô têm propriedades alcalinas e possuem acção anti-séptica, o que é bastante desejável quando se trata da ingestão de alimentos crus.
O gari (gengibre) e o ocha (chá verde) devem ser consumidos sempre que se degusta um prato diferente, para eliminar o sabor do anterior e assim apreciar o paladar da nova confecção.
Aqui está o gari de conserva.


Lembram-se?
Voltando ao jantar propriamente dito, começaram a chegar à mesa os pratos de tempura. Gostei de todos.
Seguidamente viria o sushi e o sashimi.
Sushi é um rolinho de arroz coberto por uma fatia de peixe cru e deve ser comido de uma só vez. Existem vários tipos de sushi, entre eles, niguiri-zushi, maki-zushi, uramaki, hosso-maki, futomaki e assim por diante. Claro que não vou estar aqui a explicar-vos o que é cada um deles, por isso, façam o favor de pesquisar, sim?
Sashimi é o peixe nu e cru cortado em fatias…
Os mais apreciados são o atum, salmão, robalo e linguado. Também costumam fazer sashimi de polvo, lula, camarão e lagosta.
É evidente que eu sabia que ia provar estes “manjares”, mas o pior foi quando me apercebi que os nossos peritos tinham pedido dois barcos grandes… e eu, por acaso, tinha visto que cada um custava a módica quantia de 150 euros!!!
Dois barcos grandes, cada um com uma lagosta...(ainda mexiam as patas, juro!).

Olhei para as embarcações. Estava ali uma pipa de massa e como tal deveria experimentar de tudo!
Olhei, novamente, para as embarcações.
Decidi, pelo meu rico dinheirinho e na mais completa lucidez, praticar o “suicídio voluntário”…
Era preciso escolher a presa e, esquivando-me às investidas das patas da lagosta, precipitei-me a pique sobre o barco, como um kamikaze… com o grito vitorioso de Banzai!
Gostei tanto que em cinco “tiros”, porta-aviões ao fundo!
Deixei a lagosta… completamente intragável!
Depois disto, o empregado recolheu as cabeças das lagostas e trouxe-nos uma bela sopinha de lagosta…
Ó pr’a ela:

Dizem que as sobremesas japonesas, geralmente feitas com feijão, são sempre pouco doces. Se é verdade não sei… não tive coragem para provar a única sobremesa, tipicamente japonesa, que veio para a mesa.
O Z.C. pediu a sobremesa que tivesse mais semelhanças com o nosso arroz doce.
Desculpem lá mas esta sobremesa também deveria ter sido discutida, internacionalmente, no Protocolo de Kyoto, estabelecendo uma regra qualquer que reduzisse o impacto visual e que evitasse a sensação vomitiva…
Quem achar isto parecido com arroz doce, ponha o dedo no ar…
Digam de vossa justiça…

Fui à casa de banho. Não, não fui vomitar… Podia lá dar-me ao luxo de vomitar, com uns preços daqueles…
Fui à casa de banho passar os olhos por água para conseguir ver a “terra do sol nascente” porque com o jantar a chegar ao fim pareceu-me que a coisa estava a ficar preta…
E não me enganei!... Além de não ver o sol nascente, por Ocaso perdi o Norte quando apareceu a conta!...
Setecentos e setenta euros!!! A dividir por dezoito…
No preciso momento em que ouvi o valor, passou-me pela cabeça cometer Seppuku, vulgarmente chamado de harakiri
Não para recuperar a honra pessoal ou limpar o nome da família, que já não tinha limpeza possível, mas para evitar ser sequestrada…na cozinha!!! Livra!...
Sayonara

Não levem a sério tudo o que está escrito acima. Este texto é fruto de uma mente deveras perturbada… Isto não é um texto, é um pagode!!)


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