terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Déjà vu...

Recessão é um período em que há uma queda do crescimento económico de um país. Há diminuição da produção e das exportações, aumento das importações e, claro, défice comercial. Origina desemprego, salários baixos e diminuição do poder de compra. Concluindo, há problemas económicos e sociais.
Ok! Eu entendo…
O que eu não entendo é o motivo para tanto falatório… O povo já devia estar habituado a isto porque sempre viveu descontente e sempre viveu tempos difíceis, desde o Condado Portucalense, passando pelo Reino de Portugal, até aos nossos dias.
Na 1ª dinastia, durante os reinados de D. Afonso IV e D. Pedro I, a população portuguesa viveu tempos difíceis e um período de crise económica e social. Os problemas de sucessão ao trono após a morte de D. Fernando vão estar na origem de… uma crise e do descontentamento e agitação popular.
Já na dinastia de Avis, o reinado de D. Manuel decorreu no período em que os produtos de África e da Índia trouxeram grande riqueza ao Reino, riqueza essa que o rei fazia o favor de gastar em festas, banquetes faustosos e cortejos reais…
E o povinho? Vivia, como habitualmente, na miséria…
Toda a 3ª dinastia foi marcada por crise e descontentamento da população.
Na última dinastia, a dinastia de Bragança, o comércio do ouro e pedras preciosas trouxe grande rendimento à Coroa portuguesa. E, mais uma vez, tal como tinha acontecido com D. Manuel, o rei, D. João V, tornou a sua corte numa das mais ricas e luxuosas da U.E., perdão, da Europa. No entanto, o povo continuava a viver com grandes dificuldades devido aos baixos salários e aos muitos impostos que tinham de pagar. No que diz respeito às diversões, não são muito diferentes das de hoje em dia e já lá vão para aí uns trezentos anos… saltimbancos, fantoches, romarias, procissões e touradas…
Quando D. José foi aclamado rei, o País enfrentou, novamente, vários problemas económicos que, séculos depois, continuam a persistir, como diminuição das exportações, aumento das importações, a agricultura não produzia o suficiente, a indústria com produtos mais caros do que os produtos estrangeiros and so on
Vai na volta, a meu ver, a sorte de D. José foi mesmo o grande terramoto de 1755, em que morreram cerca de dez mil pessoas… sempre eram menos umas a mostrar o seu descontentamento, não é?...
Para ajudar a resolver os problemas do País, D. José escolheu para ministro Sebastião José de Carvalho e Melo e fez muito bem porque, cheira-me, que o rei não tinha capacidade para fazer reformas económicas, sociais e no ensino (e sem Magalhães!...).
No início do séc. XIX, depois do episódio do Bloqueio Continental, D. João VI pirou-se para o Brasil e Portugal sofreu as invasões francesas. As invasões terminaram e coisa rara e nunca vista… o País ficou numa situação muito difícil…
Mais uma vez, os problemas provocaram o descontentamento e a desmoralização dos portugueses, com a família real no Brasil a “curtir o bronze” e no samba, pouco preocupada com a situação que se vivia em Portugal.
Segue-se a Revolução Liberal de 1820, D. Pedro (futuro IV) deu o “grito do Ipiranga” e na segunda metade do séc. XIX vivia-se em Portugal um déjà vu, ou seja, um período de crise…
Durante o reinado de José Socrátes, perdão, de D. Maria II, tomaram-se uma série de medidas com vista à modernização tecnológica do Reino. É até desta época, a inauguração do TGV, ai, do comboio…
Entretanto, Portugal continuava a depender do estrangeiro, tanto a nível de importações como de empréstimos e os trabalhadores continuavam a viver com grandes dificuldades.
As difíceis condições de vida, assim como a cedência de Portugal em relação ao ultimato britânico, levaram à queda da monarquia e à implantação da República.
E quais foram as primeiras medidas tomadas pelo governo provisório da República? Uma nova bandeira, esteticamente mais feia… mas gostos não se discutem, o hino nacional e a moeda passou a ser o escudo em vez do real. Ou sou cegueta, pouco patriótica ou anti-republicana… porque não consigo encontrar em nenhuma destas medidas, propostas interessantes para melhorar as condições económicas e sociais do País…
A participação de Portugal na 1ª Guerra contribuiu para agravar os problemas que afectavam o “canteiro à beira-mar plantado”. Ah, pois foi!... E o resultado? Claro… o crescente descontentamento dos portugueses!
Os preços subiam, os salários não, ou seja, redução do poder de compra…
Aumentavam os impostos…
As despesas do Estado eram superiores às receitas…
Os assaltos eram frequentes…
Isto foi há noventa anos… não estou a falar do presente, mas parece!
Dá-se a queda da 1ª República, seguiu-se a Ditadura Militar que não interessou nem ao Menino Jesus e chegou o Estado Novo com as restrições às liberdades e a Guerra Colonial. Onde é que isto levou? Ao elevado descontentamento dos portugueses!...
Golpe militar põe fim ao Estado Novo. O povo está com o MFA!
Seguem-se vários governos provisórios. Daí para cá, entre governos do PS e do PSD, o País foi vivendo sempre em contenção e em crise e a população sempre descontente…
Déjà vu!...

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