... Penso no fogo que arde dentro dos alpinistas, penso nessa raça de humanos que se mexe pelo estímulo mais absurdo que há: não ver nada mais alto. Penso em João Garcia, na sua determinação em viver com qualidade de vida, porque "qualidade de vida" não é o todo-terreno para o engarrafamento matinal cinco dias por semana, nem poupar no preço daquilo que se come para se gastar naquilo que se mostra. "Qualidade de vida" não são os quatro apelidos e três nomes próprios do filho varão, nem a lista de espera de dois anos para a creche, nem o T1 de luxo entrincheirado no horror paisagístico que caracteriza a periferia portuguesa em geral, a Grande Lisboa em particular. "Qualidade de vida" não é a música que bate na cabeça no sábado à noite, a amena cavaqueira com o copinho de uísque na mão...
Qualidade de vida é ter um sonho e viver por ele, é fazer como o João Garcia, que é português mas de uma raça antiga que se vai diluindo sem apelo nem antídoto nas compras do hipermercado no domingo à tarde.
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