A sala de estar do n.º 6, na Rua Fonte do Pinheiro, em Caldas, não era muito confortável mas era acolhedora. Dizer que não era muito confortável e ao mesmo tempo dizer que era acolhedora parece um absurdo mas são, de facto, as palavras que me surgem quando penso naquela sala.
O facto de achar a sala pouco confortável deve-se aos assentos e aos encostos que não eram, de maneira nenhuma, cómodos. As almofadas grandes, de tecido riscado e com flores, eram cheias com palha moída. Faziam barulho e eram desconfortáveis.
Mas, não deixa de ser curioso pensar que a palavra assento tem, também, como definição, um lugar que oferece garantia ou estabilidade e, naquela sala, sentia essa segurança. Sentia-me protegida, como se a sala fosse uma enseada modesta e eu, um barquinho a remos que ela acolhia…
A sala de estar do n.º 6, no 1º andar, na Rua Fonte do Pinheiro, em Caldas, recebia luz natural através de duas janelas. No entanto, recordo a sala com mais luminosidade na metade esquerda, talvez porque a janela desse lado tivesse as portadas (não existiam estores) completamente abertas e a outra janela não. Talvez...
A sala de estar do n.º 6, no 1º andar, na Rua Fonte do Pinheiro, em Caldas, tinha, ao longo de 2 paredes e a formar um L, um móvel baixo, com umas portinhas nas extremidades, em cima do qual descansava o bandolim do meu “avôzinho” (para além das artes plásticas também era dotado para a música). Se a memória não me falha e, lamentavelmente, falha com alguma frequência, o móvel supracitado veio de casa dos meus tios M. e C., no Avenal. Encostados a este móvel ficavam os tais assentos que aspiraram, toda a vida, ser sofás…
A sala de estar do n.º 6, no 1º andar, na Rua Fonte do Pinheiro, em Caldas, albergava ainda, se a minha memória fotográfica não me atraiçoa, uma secretária e uma cadeira, entre as duas janelas, e uma pequena estante. Nessa estante repousaram, continuamente, um busto de Páris, um par de elefantes encosta livros e uns binóculos militares antigos que fazem agora parte do meu espólio pessoal…
Na verdade, não é muito importante o que eu recordo, do ponto de vista decorativo, da sala de estar do n.º 6, no 1º andar, na Rua Fonte do Pinheiro, em Caldas, mas sim o que eu recordo em matéria de emoções e afectos…
Era na sala de estar do n.º 6, no 1º andar, na Rua Fonte do Pinheiro, em Caldas, que o J., o Z. e eu, jogávamos, durante horas esquecidas, à berlinda… dizendo o pior possível uns dos outros e cumprindo e fazendo cumprir castigos. O meu irmão e as minhas primas F. e T. não participavam nos nossos jogos e brincadeiras. Sendo mais velhos, as suas atenções e interesses desviavam-se já para outros campos…
Foi também na sala de estar do n.º 6, no 1º andar, na Rua Fonte do Pinheiro, em Caldas, que o meu “avôzinho” gravou, para um gravador de bobinas (ou bobines), hoje em dia caído em desuso, três das suas histórias mais famosas, Cara feia, A casa dos passarinhos azuis e A bruxa do Vale da Dorna…
Ainda hoje as sei de cor e salteado, em particular a última porque sempre foi a minha preferida, mas o mais extraordinário é poder ainda ouvi-las, em qualquer altura, contadas pela voz terna e suave do meu saudoso avô…
O facto de achar a sala pouco confortável deve-se aos assentos e aos encostos que não eram, de maneira nenhuma, cómodos. As almofadas grandes, de tecido riscado e com flores, eram cheias com palha moída. Faziam barulho e eram desconfortáveis.
Mas, não deixa de ser curioso pensar que a palavra assento tem, também, como definição, um lugar que oferece garantia ou estabilidade e, naquela sala, sentia essa segurança. Sentia-me protegida, como se a sala fosse uma enseada modesta e eu, um barquinho a remos que ela acolhia…
A sala de estar do n.º 6, no 1º andar, na Rua Fonte do Pinheiro, em Caldas, recebia luz natural através de duas janelas. No entanto, recordo a sala com mais luminosidade na metade esquerda, talvez porque a janela desse lado tivesse as portadas (não existiam estores) completamente abertas e a outra janela não. Talvez...
A sala de estar do n.º 6, no 1º andar, na Rua Fonte do Pinheiro, em Caldas, tinha, ao longo de 2 paredes e a formar um L, um móvel baixo, com umas portinhas nas extremidades, em cima do qual descansava o bandolim do meu “avôzinho” (para além das artes plásticas também era dotado para a música). Se a memória não me falha e, lamentavelmente, falha com alguma frequência, o móvel supracitado veio de casa dos meus tios M. e C., no Avenal. Encostados a este móvel ficavam os tais assentos que aspiraram, toda a vida, ser sofás…
A sala de estar do n.º 6, no 1º andar, na Rua Fonte do Pinheiro, em Caldas, albergava ainda, se a minha memória fotográfica não me atraiçoa, uma secretária e uma cadeira, entre as duas janelas, e uma pequena estante. Nessa estante repousaram, continuamente, um busto de Páris, um par de elefantes encosta livros e uns binóculos militares antigos que fazem agora parte do meu espólio pessoal…
Na verdade, não é muito importante o que eu recordo, do ponto de vista decorativo, da sala de estar do n.º 6, no 1º andar, na Rua Fonte do Pinheiro, em Caldas, mas sim o que eu recordo em matéria de emoções e afectos…
Era na sala de estar do n.º 6, no 1º andar, na Rua Fonte do Pinheiro, em Caldas, que o J., o Z. e eu, jogávamos, durante horas esquecidas, à berlinda… dizendo o pior possível uns dos outros e cumprindo e fazendo cumprir castigos. O meu irmão e as minhas primas F. e T. não participavam nos nossos jogos e brincadeiras. Sendo mais velhos, as suas atenções e interesses desviavam-se já para outros campos…
Foi também na sala de estar do n.º 6, no 1º andar, na Rua Fonte do Pinheiro, em Caldas, que o meu “avôzinho” gravou, para um gravador de bobinas (ou bobines), hoje em dia caído em desuso, três das suas histórias mais famosas, Cara feia, A casa dos passarinhos azuis e A bruxa do Vale da Dorna…
Ainda hoje as sei de cor e salteado, em particular a última porque sempre foi a minha preferida, mas o mais extraordinário é poder ainda ouvi-las, em qualquer altura, contadas pela voz terna e suave do meu saudoso avô…
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