domingo, 16 de julho de 2017
domingo, 7 de maio de 2017
O meu “sexygésimo” aniversário
No entanto, neste dia quero celebrar os meus 60 anos redondos com um brinde ao meu futuro e à vida, com votos que este ano de 2017, ano chinês do galo de fogo (salvo erro), me transforme numa “sexygenária” liofilizada (enxuta faz-me pensar que sou velha mas não sofro de incontinência… ahahahah). Iniciei uma “recauchutagem”, deixei de usar óculos, fiz há dois meses uma artroplastia, ou seja, tenho uma prótese no joelho direito, e farei, assim que as minhas finanças permitam, uma correcção dentária. Depois sim, como diz uma colega, ninguém pára a “puta da velha”… E, por favor, a quem me lê, não me comparem ao RoboCop, sim?
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
Cartas de Amor…
A minha faz hoje 93 anos.
Abandonou, durante umas horas, o olhar triste que tem diariamente de há quatro anos para cá… O meu pai, nascido em 1913, comemoraria, também neste dia, 100 anos…
Aqui fica um registo das cartas de amor que trocaram durante o namoro, nos longínquos anos 30…
Todas as cartas de amor são ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.
As cartas de amor, se há amor, têm de ser ridículas.
Mas, afinal, só as criaturas
que nunca escreveram cartas de amor, é que são ridículas.
domingo, 11 de agosto de 2013
Uma Mulher, uma Obra
Tanto quanto me lembro, a partir de meados dos anos 60 até ao início da década de 70, quando já tinha lido os livros publicados de Blyton de uma ponta a outra, e enquanto esperava pela publicação de mais um, eu lia tudo o que apanhava à mão. Entre as estantes do meu pai e as do meu irmão Z., a oferta era grande e foi durante essa época da minha vida que li alguns clássicos da literatura portuguesa, Júlio Verne e alguns policiais. Alturas houve em que, armada em pseudo-intelectual, lia obras mais complexas como A Matilha (julgo que é de Alexei Tolstoi), Otelo de Shakespeare ou O Leque de Lady Windermere de Oscar Wilde, mas confesso que a minha aspiração a intelectual se revelou muito árdua e abandonei rapidamente as pretensões…
Enid Blyton foi, durante esse período, a minha autora de culto! Na época em que o tempo passava devagar e os Verões eram intermináveis, os livros de Blyton foram a minha bíblia…
Se Enid Blyton vivesse ainda hoje, decerto teria vários dos seus habituais ataques de fúria ao olhar para o que fizeram dos seus livros.
A brigada do politicamente correto não desiste e pretende dar às personagens de obras escritas nos anos 40 e 50 atitudes e tomadas de posição do século XXI. E transformar a sua fala numa linguagem assética que não ofenda nenhum leitor mais suscetível.
Em 1999, a Chorion encarregou-se de fazer o serviço, emendando várias personagens dos seus livros, num furor que chega a raiar o ridículo. É preciso expurgar os livros – diziam. Era habitual, nos livros dos Cinco, encontrarmos a exclamação “a Zé estava mais preta que um preto coberto de fuligem!”. Nas novas edições, “a Zé está negra de fuligem”.
Na Aventura na Ilha, o vilão negro chamado Jo transforma-se num normalíssimo branco chamado Joe.
A Bessie, dos Sete, passa a Beth, porque Bessie é um nome com eventuais reminiscências da cultura negra (como se as crianças dessem por isso…).
As relações homem/mulher são também alteradas. A tia Clara nunca mais poderá dizer “o vosso tio quer”, mas sim “nós queremos”. […] A pobre da Ana viu-se privada das bonecas, porque também nos brinquedos devia reinar a igualdade.
[…] E também a educação dos nossos dias deverá substituir a educação que, nos anos 30 e 40, as personagens tinham: nada de expressões como “olha que levas uma tareia!” (mudada para “zango-me contigo!”);nem o Júlio poderá alguma vez incitar a Zé a “dar uma bofetada, um pontapé ou arrancar as orelhas ao Edgar”.
[…] Também ao nível da linguagem e dos nomes das personagens as mudanças são muitas, todas elas na base do “estão fora de moda”. […] Para evitar conotações sexuais, baniram-se do texto expressões como “so queer” (substituído por “so weird”, ou até “a gay morning” (substituído por “a bright morning”).
[…] É evidente que as crianças não se sentem agredidas pela escrita de Enid Blyton, nem percebem as acusações que lhe fazem – a não ser quando lhes chamam a atenção para elas.
[…] Com algum sentido de humor, o Mail Online de abril de 2012 publica um texto sobre o assunto, rematando: certamente toda a obra de Blyton vai ter de ser reescrita, para apaziguar o pensamento de uma minoria politicamente correta que acha que as crianças não são capazes de dar um salto imaginativo para o passado.
[…] Será lícito mudar um clássico? Porque, quer se queira quer não, Enid Blyton é um clássico.
Considero uma monstruosidade o que fizeram com os livros de Blyton, uma estupidez sem fim! Na minha modesta, mas inabalável opinião, adulterar a obra de Enid Blyton é uma heresia, é um crime de lesa-majestade, é CENSURA! O presente transforma-se sempre em passado e, daqui a 40 ou 50 anos, o que agora está na moda e é politicamente correcto cairá em desuso, passará a démodé e, nessa altura, os iluminados da época, irão emendar novamente os livros? Ridículo!
Bem, provavelmente, os livros de Blyton são uma coisa para velhos, como eu e outros da minha geração, e os seus mais de 700 livros foram a forma que ela encontrou de parar o tempo, tempo que ficará para sempre na minha memória, muito bem guardado, assim como o cheiro dos pinheiros, no tempo em que eu fazia piqueniques…
Não se compreende que a escritora inglesa que mais livros publicou, influenciando gerações e gerações de leitores em todo o mundo, não tenha um museu a guardar-lhe a memória. Nem escolas, nem bibliotecas, nem sequer uma rua com o seu nome. É miserável…
Podem continuar a assegurar que ela era manipuladora, fria, cruel, xenófoba, racista, sexista e mãe ausente. Em matéria literária isso não importa nada e eu, francamente, estou a lixar-me para a minoria politicamente correcta que anda a desvirtuar a obra. Para eles, todo o meu desprezo!
No meu tempo, era quase impossível ser criança sem ler Enid Blyton e garanto-vos que os dias eram muito mais tranquilos e gostosos…
A Enid Blyton, todo o meu apreço e gratidão.
sábado, 3 de agosto de 2013
Famous five!
Para comemorar os 5 anos deste blogue, nada me pareceu mais adequado do que uma foto dos Famous Five!
domingo, 23 de junho de 2013
domingo, 2 de junho de 2013
A um irmão…
… que nasceu morto há 64 anos. Nunca falo no assunto, mas todos os anos, nesta data, me lembro…
Não sinto saudades do seu amor, ele nunca existiu, nem sei que cara ele teria, nem sei que cheiro ele teria. Não existiu morte para o que nunca nasceu....
terça-feira, 7 de maio de 2013
Missivas
Numa época em que as cartas que recebemos são dos Bancos, das Companhias de Seguros, das Finanças, da EDP ou dos Serviços Municipalizados da Água, receber postais de amizade é simplesmente divinal… Obrigada amigas!
Superado!
Um desafio de amor das minhas filhas, em forma de palavras cruzadas, no dia do meu aniversário…Passava da meia-noite quando me entregaram este singelo e delicioso cartão. Fui “obrigada” a solucionar o problema quando estava quase nos braços de Morfeu, mas não me saí mal… Bastava saber que me adoram, o que sentem por mim e a forma como me vêem…
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania…
domingo, 5 de maio de 2013
Ainda sou do tempo…
… em que era hábito escrever cartões no Dia da Mãe.
Este foi um dos que escrevi…
e fui descobri-lo numa gaveta, em casa da minha mãe…
segunda-feira, 15 de abril de 2013
terça-feira, 19 de março de 2013
Ternas lembranças II
Neste dia dedicado aos Pais, revelo o meu contributo para o segundo encontro familiar mensal (23/02/2013) de homenagem ao meu falecido pai, no ano em que comemoramos o seu centésimo aniversário.
Neste nosso segundo encontro familiar de tributo pos mortem ao meu pai, no ano do seu centésimo aniversário, abordo uma questão penosa, as suas imperfeições. Peguei neste tema porque foi motivo de diálogo no nosso primeiro encontro em Janeiro e não quis deixar passar a oportunidade de, generalizando, ajuizar as suas falhas.
Certamente, a minha já pouca ingenuidade não me permite olhar para o meu falecido pai como um poço de virtudes, um herói sem mácula, um ser perfeito, um marido exemplar, um pai irrepreensível. Sei que o meu pai terá errado ao longo da sua duradoura vida, mas quem nunca errou que atire a primeira pedra. Evidentemente que “santificá-lo” depois do seu falecimento seria tarefa pouco árdua. A morte tem o dom de nos tornar pessoas de bem. Por algum processo congénito ou químico, que desconheço, acontece, com frequência, a morte transformar pessoas intragáveis e hediondas em excelentes pessoas. Não é o caso.
O balanço que faço em relação aos defeitos e às virtudes do meu pai é positivo, com o prato da balança a pender para os princípios morais.
Tomo como exemplo a história de dois vasos, cada um deles suspenso nas extremidades de uma vara. Um deles era perfeito, o outro era rachado. O vaso perfeito chegava a casa sempre cheio de água. O vaso rachado chegava quase sempre vazio, mas graças a esse defeito cresciam belas flores na beira do caminho por onde passava diariamente…
O meu pai não foi um “vaso” perfeito, naturalmente tinha os seus defeitos, mais acentuados na meia-idade e mais esbatidos na velhice, ou será que foi ao contrário e eu já não me recordo?
O meu pai não foi um “vaso” perfeito, mas as suas imperfeições também contribuíram para o meu crescimento, comportamento e amadurecimento como ser humano. O meu pai não foi um “vaso” perfeito, mas foi ele que me incentivou a pensar, que me apontou o caminho da honestidade, que me encorajou sempre a assumir os meus erros, que me deu os melhores conselhos, enfim, que me ensinou a ser quem sou…
O meu pai não foi um “vaso” perfeito, o meu pai foi um “vaso” quebrado e imperfeito que ao longo da vida me foi nutrindo o carácter através de alicerces morais e cívicos com que até hoje pauto a minha vida.
O meu pai foi um “vaso” imperfeito, mas os seus defeitos nunca foram, nem serão, razão suficiente para fazer com que ele deixasse de ser, aos meus olhos, o melhor pai do mundo...
Ternas lembranças I
Neste dia dedicado aos Pais, faço questão de divulgar dois textos, escritos pelas duas netas mais velhas, pela ocasião do segundo encontro familiar mensal (23/02/2013) de homenagem ao meu falecido pai, no ano em que comemoramos o seu centésimo aniversário.
Texto I
Quando o avô era só meu
Talvez consiga recuar na memória.
Talvez, como exercício a que me proponho, consiga ir ao encontro das memórias mais antigas e reconstruir a minha história onde entra o avô. Isto porque a história será sempre a minha, não a dele.
O que me surge não são narrativas, são apenas imagens ou quadros soltos. Posso deixar as narrativas para outro dia e concentrar-me nestes quadros, tentando-os descrever. Ainda assim serão sempre os meus quadros, fruto da minha memória. Ou imaginação.
Quadro I - a Escrita
O avô sentado à mesa da Sala de Jantar, a mesma mesa e a mesma sala dos dias de hoje. O avô, de casaco e gravata, um livro grande de capa dura e muitas linhas esquisitas que ele preenchia com números perfeitos. A caneta do avô era pesada e eu gostava de lhe pegar, tão diferente era das minhas, e de lhe sentir a textura. Não me lembro de a ter usado. Mais tarde, quando estava na 4ª classe, o pai ofereceu-me uma caneta que se assemelhava um pouco a esta. Ainda a tenho.
O avô curvava-se sobre o livro, à noite, a luz do candeeiro acesa, e ele escrevia números perfeitos.
Quadro II - a Fruta
O avô sentado, novamente a mesma mesa e a mesma sala.
O avô sentado no lugar que eu me lembro sempre dele. A fruta no fim da refeição.
Laranjas:
O avô não come as laranjas como os outros adultos que eu conheço. Ele corta uma tampa da laranja, amassa o interior com uma colher e junta-lhe açúcar, muito açúcar. Mais açúcar do que seria permitido a uma criança. O açúcar está dentro de uma caixa de plástico da «Tupperware». Toda esta operação é acompanhada da descrição verbal da mesma: o avô ensina-me a melhor maneira de comer uma laranja.
Eu, ao seu lado esquerdo, olho com grande espanto para a manobra, reverencialmente. Ter-me-á ocorrido que esta sim é uma maneira verdadeiramente especial de comer uma laranja, reservada apenas a adultos. Especiais.
Uvas:
O avô come uvas pretas como se não houvesse amanhã. Estas estão dentro de água e ele tira-as para o seu prato e vai comendo. As uvas pequeninas são separadas e são-me oferecidas. Uvas pequeninas, era especial. Eu sentia-me especial.
Estas memórias à mesa são nocturnas. Julgo que fazem parte de episódios que aconteciam nas temporadas esporádicas que eu passava na casa dos avós, quando a avó Olívia ia para Leiria. Acontecia todos os anos.
Quadro III - mãos dadas
A ir ou a regressar do Clube. Fazer o percurso em cima dos muretes e tentar saltar entre eles com a ajuda de uma ida ao colo. Talvez isto tivesse lugar aos fins-de-semana. Era de dia.
Quadro IV - Nadia Comaneci
A minha heroína dos Jogos Olímpicos do Verão de 1976.
Eu a cabriolar, saltar nos sofás e subir pelas ombreiras das portas. O avô a chamar-me Nadia Comaneci, um verdadeiro adjectivo elogioso.
Estes quadros pertencem todos a uma fase anterior à minha ida para o Rainha Santa. É o mais longe que consigo ir nas minhas memórias do avô. Foi um bom esforço tentar recordar. Compensador.
Texto II
O que mais recordo são as mãos e o sorriso. As mãos, grandes, secas e frescas, que envolviam as minhas de vez em quando e assim ficavam durante algum tempo. O sorriso, terno como só o de um avô pode ser, brindava-me muitas vezes, mesmo quando o Inverno da vida teimou em chegar. Mas como sempre, a seguir ao Inverno vem a Primavera, seja lá o que for que isso signifique.
Relembro também as noites em que dormi em casa dos avós, muito bem aconchegada no sofá grande. Adormecia com o som da televisão (mesmo estando o avô com os seus auscultadores, ouvia-se na mesma) e com o crack crack proveniente das bolachas ou tostas, acompanhadas pelo leite, que o avô comia, sentado no seu sofá. E de vez em quando lá me atirava um sorriso, por entre dentadas. E assim eu caía lentamente no sono. Um sono acolhedor como nenhum outro, como só era possível ali.
Era bom chegar a casa deles para almoçar, num dia de aulas, e dar com o avô sentado à mesa, a ler o jornal. Quando não estava sentado à mesa, eu ia sentar-me no sofá um bocadinho, acendia a televisão e esperava que ele aparecesse. E lá chegava ele. Entrava na sala, via-me e dizia “Hoje estás cá, Teresinha?”, e vinha dar-me um beijinho na testa. Nessa altura, era o único, deste lado da família, que me tratava por Teresa. Não gosto muito, mas já me habituei e não me faz diferença. Contudo, quando era dito por ele, tinha um som diferente. E eu gostava daquela sonoridade harmoniosa só dele.
Apesar de conversarmos, ainda que com alguma dificuldade, era uma comunicação que se baseava muito na troca de olhares e de sorrisos. Porque há momentos intemporais em que nada há para dizer, e apenas partilhamos a companhia com aqueles de quem mais gostamos. E é nesta convivência calada que por vezes os laços se tornam mais fortes, porque às vezes as palavras estão a mais e não deixam que aproveitemos aqueles instantes raros que pendem da vida como as gotas da chuva de um beiral. É essa a magia da vida, que poucos, muito poucos, conseguem transmitir. Era esse encanto que sentia quando estava perto dele, mas que só agora sei o que era. E ao contrário daquilo a que correntemente chamamos magia, aquela nada tinha de ilusório. Era real como nenhuma outra coisa e, tal como as melhores coisas da vida, não se via, sentia-se apenas. Aquecia o coração.
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Orgulho sem preconceitos…
Depois de me oferecer um livro, recebi este email da S, minha amiga por escolha, minha colega por acaso. Pena que continuemos a tratar-nos por você…mas o que realmente importa é esta mensagem de amizade genuína que me deixou muito orgulhosa e sem palavras…
Esta altura do ano é profundamente triste para si, eu sei... Não faço alusão ao momento porque a dor da perda e a saudade são sentimentos que são tão íntimos que devem ser respeitados como tal. Espero que, no entanto, o meu silêncio seja sempre para si um “estou aqui, sempre que de mim precisar”. A escolha do livro não foi isenta de intenções. Gosto de pessoas como a Helena Sacadura Cabral, íntegra, forte, inteligente, leoa para com os filhos, sensível e destemida no seu tempo. Perdeu um filho e ergueu-se pelo outro filho que tem, pelos netos e por ela. É duro... Muitas das qualidades que vejo nesta senhora vejo-as também em si. E escusa de dizer “Que disparate!”... Porque devemos dizer sempre aos amigos o quanto gostamos deles, fica aqui o meu “Gosto muito de si e agradeço-lhe do fundo do coração a amizade e paciência com que me ouve e ajuda”.
Se há coisa que o emprego me trouxe de bom, foi a sua Amizade!
Antes do fim…
Há três anos era domingo. Um dia frio, muito frio, tanto frio…
Um dia frio e inconciliavelmente chuvoso.
As palavras, guardadas nos confins da minha tristeza, corriam-me no sangue e propagavam-se a todo o meu ser sem que eu conseguisse proferi-las. Talvez porque o sofrimento e a culpa se enredaram na garganta embargando-me a palavra…
Um domingo frio, muito frio. Foi neste dia que o meu pai, um velhinho fraco e amedrontado, entrou no lar. Porquê naquele dia? Porquê tão perto do Natal? Porque tivemos que fazer escolhas? Porque tivemos que decidir em tão pouco tempo? Porque condescendi? Porquê nas vésperas de Natal? Porquê naquele dia? As respostas a estas questões são seguras e inalteráveis, mas nunca me consolam.
Deixei-o já deitado no quarto, felizmente aquecido. Prometi voltar brevemente. Tentei capacitar-me de que tínhamos tomado a decisão correcta. Até hoje não estou certa disso… Foi a última vez que o vi com vida. Um dia frio, muito frio, um frio que me aprisionou a esse domingo e à promessa que não cheguei a cumprir. Há três anos…
Saímos do lar num profundo silêncio, destroçada por deixá-lo com desconhecidos. O frio abraçou-me e as lágrimas confundiram-se com a chuva…
sábado, 20 de outubro de 2012
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
4 de Outubro
Não importa se os animais são incapazes ou não de pensar. O que importa é que são capazes de sofrer…
domingo, 9 de setembro de 2012
As palavras que nunca te direi…
A minha mãe fez hoje 92 anos. O meu pai faria 99. Mais um aniversário só com um aniversariante…
Paizinho, há quase três anos que partiste. As lágrimas foram secando, mas continuo a chorar por dentro e a culpabilizar-me por não ter estado presente na tua partida, por não te ter visto mais uma vez, por não ter dito que te amava incondicionalmente, porque é tarde demais para alterar o que fiz de errado, porque é tarde demais para te abraçar e dizer as palavras que nunca te direi…
Quando o futuro é incerto, mas a certeza de momentos difíceis se avizinha, faz-me falta a tua imagem de velhinho prudente, as tuas palavras sábias, a tua voz serena, a mansidão das conversas, porque todos os meus medos adormeceriam contigo por perto. É legítimo dizer que me sinto órfã, que me sinto desprotegida? É infantil dizê-lo? Di-lo-ei na mesma porque a saudade e a dor confundem-se, atormentam-me, e eu acabo por sucumbir nesta luta de sentimentos da qual me tornei dependente.
Neste dia, a R., minha sobrinha, mimoseou-me com uma ideia sublime, enternecedora e cheia de significado. O ano de 2013, em que recordaremos o centenário do meu pai, será um ano de tertúlia, uma reunião familiar mensal em que partilharemos histórias e visões diferentes, visto que cada um de nós o conheceu em etapas distintas da sua longa vida. Será comovente e as lágrimas, seguramente, bailarão nos olhos, mas será, igualmente, compensador saber que viverá para sempre nas nossas memórias e poderei relembrá-lo com palavras que nunca lhe direi…