A minha mãe fez hoje 92 anos. O meu pai faria 99. Mais um aniversário só com um aniversariante…
Paizinho, há quase três anos que partiste. As lágrimas foram secando, mas continuo a chorar por dentro e a culpabilizar-me por não ter estado presente na tua partida, por não te ter visto mais uma vez, por não ter dito que te amava incondicionalmente, porque é tarde demais para alterar o que fiz de errado, porque é tarde demais para te abraçar e dizer as palavras que nunca te direi…
Quando o futuro é incerto, mas a certeza de momentos difíceis se avizinha, faz-me falta a tua imagem de velhinho prudente, as tuas palavras sábias, a tua voz serena, a mansidão das conversas, porque todos os meus medos adormeceriam contigo por perto. É legítimo dizer que me sinto órfã, que me sinto desprotegida? É infantil dizê-lo? Di-lo-ei na mesma porque a saudade e a dor confundem-se, atormentam-me, e eu acabo por sucumbir nesta luta de sentimentos da qual me tornei dependente.
Neste dia, a R., minha sobrinha, mimoseou-me com uma ideia sublime, enternecedora e cheia de significado. O ano de 2013, em que recordaremos o centenário do meu pai, será um ano de tertúlia, uma reunião familiar mensal em que partilharemos histórias e visões diferentes, visto que cada um de nós o conheceu em etapas distintas da sua longa vida. Será comovente e as lágrimas, seguramente, bailarão nos olhos, mas será, igualmente, compensador saber que viverá para sempre nas nossas memórias e poderei relembrá-lo com palavras que nunca lhe direi…
domingo, 9 de setembro de 2012
As palavras que nunca te direi…
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2 comentários:
Idades muito respeitáveis, deves celebrar poder ter vivido com eles durante tantos anos e usufruir da sua companhia, tenhas ou não estado ao lado do teu pai na hora final...
Tens razão! Deveria agradecer e sentir-me uma privilegiada, mas é difícil sacudir alguns sentimentos e aceitar apenas o lado bom...
Em todo o caso, as tuas palavras são encorajadoras, agradeço-as e prometo que futuramente irei lembrar-me delas.
Um abraço da cota
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