terça-feira, 11 de setembro de 2012

Livros e Mar: eis o meu elemento! (62)

“A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo” e “A Rainha no Palácio das Correntes de Ar”, segundo e terceiro volumes da trilogia Millennium, são, lamentavelmente, os últimos livros, dos dez que estavam previstos, devido à morte prematura do autor. Digo lamentavelmente porque, embora não sejam monumentos da literatura, são, indiscutivelmente, de uma leitura viciante. Assim, foi com alguma melancolia que li o último parágrafo do último livro, sabendo que as personagens não voltariam a encontrar-se para dar seguimento à saga e que Lisbeth Salander, a hacker brilhante, nunca mais me iria magnetizar com o seu talento…

Uma boa parte do início do segundo volume é completamente irrelevante para a acção propriamente dita, já para não falar de uma descrição pormenorizada, infindável e escusada da divagante digressão de Lisbeth Salander no Ikea, enumerando tudo o que ela compra… perdoe-me senhor Larsson, mas estas páginas são uma estopada! As editoras deveriam ter o cuidado de não revelar demasiado sobre a história quando elaboram sinopses, que aparecem geralmente nas contracapas. Foi o que aconteceu neste segundo livro. Quando comecei a leitura já estava na posse de demasiada informação e, o que poderia ser empolgante, não me surpreendeu.
Na parte final do livro, o rumo dos acontecimentos é de tal maneira inquietante que só apetece roer as unhas. Nas últimas páginas a expectativa sobre o que vai acontecer deixa-nos sem fôlego. O livro termina deixando-nos em suspense. Lisbeth Salander tem ferimentos muito graves e continua a ser a principal suspeita de dois crimes…

“A Rainha no Palácio das Correntes de Ar”tem, na minha opinião, um título em inglês muito mais sugestivo, “The Girl Who Kicked the Hornets' Nest”. Muito bem escolhido porque provocar vespas é muito arriscado e um só ninho pode albergar milhares de vespas que atacam em enxame se forem incomodadas. E é exactamente isso que sucede, uma situação muito difícil que envolve intrigas e traições! Lisbeth enfrenta a acusação que sobre ela recai e terá que provar a sua inocência, com a agravante de se encontrar hospitalizada durante uma boa parte da história, pondo-a em segundo plano, embora tudo gire em torno dela e de investigações ao seu passado. A parte mais marcante é, sem dúvida, o julgamento em tribunal, onde os argumentos e os contra argumentos da acusação e da defesa se digladiam até à batalha final. Devastador! O final não é totalmente inesperado, mas tem um agradável pico de adrenalina.

MilleniumNo segundo volume desta trilogia, Lisbeth Salander é assumidamente a personagem central da história ao tornar-se a principal suspeita de dois homicídios. A saga desenvolve-se em dois planos que se complementam e só a solução do primeiro mistério trará luz ao segundo. Há que encontrar os responsáveis pelo tráfico de mulheres para exploração sexual para se descobrir por que razão Lisbeth Salander é perseguida não só pela polícia, mas por um gigante loiro de quem pouco se sabe.

No terceiro e último volume da Trilogia Millennium, Lisbeth Salander sobreviveu aos ferimentos de que foi vítima, mas não tem razões para sorrir: o seu estado de saúde inspira cuidados e terá de permanecer várias semanas no hospital, impossibilitada de se movimentar e agir. As acusações que recaem sobre ela levaram a polícia a mantê-la incontactável. Lisbeth sente-se sitiada e, como se isso não bastasse, vê-se ainda confrontada com outro problema: o pai, que a odeia e que ela feriu à machadada, encontra-se no mesmo hospital com ferimentos menos graves e intenções mais maquiavélicas… Os elementos da polícia secreta SAPO continuam as suas movimentações; Mikael Blomkvist tenta de todas as maneiras ilibar Salander; Dragan Armanskij, o inspector Bublanski e Anita Giannini unem esforços para que se faça justiça.

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