quinta-feira, 14 de abril de 2011

Mal-entendido

Até agora, a razão sempre apresentada para o naufrágio do Titanic, em 1912, sempre foi a de que o icebergue tinha sido avistado tarde demais e não houve tempo de desviar do seu rumo, acabando o navio por embater na enorme massa de gelo escondida pela noite.
A escritora Louise Patten tem 56 anos e é neta de Charles Lightoller, um dos oficiais que estava de serviço ao navio e sobreviveu. Apesar de não ter conhecido o avô, uma vez que este morreu antes de ela nascer, a sua avó contou-lhe aquela que será a verdadeira história do fim trágico do Titanic. História que ela conta agora, no seu livro "Good as Gold" e da qual consta que o acidente decorreu de um erro de interpretação da ordem dada pelo comandante e um dos subordinados, Robert Hitchins.
Tudo isto porque, na altura, estar-se-ia numa fase de transição da vela para a navegação a vapor e a condução era diferente. Na condução à vela, com leme manual, como ainda hoje acontece, quando se quer direccionar o barco para um lado vira-se o comando para o lado contrário. Na transição para a navegação dos barcos a vapor isso deixou de acontecer, passando a condução a ser feita tal como acontece hoje num qualquer automóvel, virando o volante para o lado desejado. Como muitos dos oficiais que estavam no Titanic tinham anteriormente trabalhado em barcos à vela, os dois "códigos de navegação" colidiam. O que terá acontecido com Robert Hitchins. Quando o primeiro-oficial William Murdoch avistou o icebergue, ainda o Titanic estava a cerca de dois quilómetros do bloco de gelo, deu ordem de virar a estibordo. Baralhando as regras e esquecendo-se de que estava num navio de última geração, Robert Hitchins acabou por virar a roda do leme para a direita, raciocinando à maneira antiga. Apercebeu-se do seu erro pouco depois, mas o mal estava feito: quando o tentou corrigir, perante a velocidade de deslocação do Titanic, já era tarde de mais.

Charles Lightoller, o avô da autora de "Good as Gold", manteve sempre o segredo durante e depois das investigações, com medo das consequências.
Na II Guerra Mundial, Charles Lightoller foi considerado um herói pelo seu papel na evacuação de Dunquerque. Morreu em 1952, mas para que ele não perdesse esse estatuto a família nunca revelou o seu segredo. Até agora.

(Com os devidos agradecimentos ao meu amigo J.C. que me facultou a informação)

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