sábado, 11 de abril de 2009

Memórias e Afectos (19)

2ª Parte
Abril de 2009
O que me levou a Alvorninha?
Memórias…
Memórias que o tempo preservou…
Memórias que a degradação do tempo faz com que só existam mesmo na minha memória…
Alvorninha, uma povoação cuja fundação remonta ao século VII e data do século XIII a sua inclusão nos coutos de Alcobaça.
A paisagem continua igual, morfologicamente falando, claro, mas aquela paisagem campestre, rústica, pura, natural, com as suas fragrâncias próprias…já se foi há muito…
Agora, a paisagem está inundada de casas, casas novas e modernas que nada têm a ver com a Alvorninha que eu conheci noutros tempos…
E como diria Jacinto “Eis a civilização!”.
O que me levou a Alvorninha?
Memórias de três Quintas… Quinta do Paço, Quinta de S. Mateus e Quinta do Bairro…
Três casas com história…que se mantêm lado a lado com casas que nada têm para contar…
Três casas com história…que se mantêm lado a lado com a civilização…

Tive o privilégio de conhecer a Quinta do Paço.
Tive o privilégio de lá brincar, de correr no pátio, de subir e descer escadas, de fazer visitas clandestinas à capela, não que me proibissem de lá ir às claras, mas porque ir lá às escondidas me dava mais prazer…
Não tenho, infelizmente, nenhuma fotografia da quinta, desse tempo.
Corria a década de 60. Nessa época, a Quinta do Paço pertencia à família da madrinha da minha mãe, a família B., mas sentia-se que os tempos áureos já tinham passado…
A Quinta do Paço entrou em declínio e os seus proprietários, outrora com uma vida desafogada, foram obrigados a vendê-la.
Com ligações antigas aos monges de Cister, esta quinta foi recuperada recentemente para turismo rural e faz parte da Rota da Vinha e dos Vinhos da Região de Turismo do Oeste. O vinho “Encosta da Quinta” é produzido na Quinta do Paço, que tem uma encosta privilegiada com 14 hectares de vinha.





















Esta casa com história, com algo para ser preservado e cuidado, está linda e bem conservada mas…perdeu a alma!
A quinta da minha infância, que me era familiar, que tinha qualquer coisa de intimidade, que era o refúgio da família B., onde a minha mãe passou longas horas à conversa, já não existe…
As paredes senhoriais, por mais bem preservadas que estejam, não são as mesmas…e, certamente, já não se ouve o ranger dos soalhos de madeira das salas e corredores…
Como julgo que é importante dar continuidade às coisas, aqui ficam estes simples registos para que as memórias não se percam no tempo…porque o tempo “apaga” tudo, mesmo a magia e o fascínio de certos lugares…

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