No liceu, as tardes desportivas obrigatórias eram, como se subentende, impostas e inevitáveis. Como sempre fui avessa à ginástica e nunca fui muito atlética, como tudo o que é obrigação deixa de me dar prazer, este espírito um pouco militarista irritava-me. Só na modalidade de basquetebol encontrei alguma satisfação e, embora a minha pequena estatura, não me saía mal. Diga-se, em abono da verdade, que a minha próspera imaginação fazia milagres e algumas dessas tardes espartanas, que deveriam ser passadas a manter corpore sano, eram passadas num café, longe de casa, a fazer quadras humorísticas com a N, isto é, a manter a mente sã…
Só os desportos aquáticos me entusiasmavam, razão pela qual, como já descrevi aqui, frequentei as aulas de natação, gratuitas, no Sport Algés e Dafundo, através da Mocidade Portuguesa. Até 1971 a filiação na MP e na Mocidade Portuguesa Feminina eram obrigatórias, mas eu nunca fiz parte de nenhum dos 4 escalões. Sei que é estranho, tendo em conta o regime totalitário da época, mas não fui obrigada a pertencer às Lusitas nem às Infantas, não fui Vanguardista, nunca usei uniforme, nunca jurei o “compromisso solene”, nunca cantei o hino da mocidade lusitana. É verdade que fiz a instrução primária num Externato, mas em 1967 já frequentava o Ensino Público, numa secção do Liceu Passos Manuel, e não tenho recordações negativas desses tempos… A partir de 1972, a filiação tornou-se voluntária. Comprava a revista quinzenal “A Fagulha”, propriedade da Mocidade Portuguesa Feminina, e recordo-me de a ler de uma ponta a outra, assim como recordo a espera, ansiosa, do número seguinte…
Só os desportos aquáticos me entusiasmavam, razão pela qual, como já descrevi aqui, frequentei as aulas de natação, gratuitas, no Sport Algés e Dafundo, através da Mocidade Portuguesa. Até 1971 a filiação na MP e na Mocidade Portuguesa Feminina eram obrigatórias, mas eu nunca fiz parte de nenhum dos 4 escalões. Sei que é estranho, tendo em conta o regime totalitário da época, mas não fui obrigada a pertencer às Lusitas nem às Infantas, não fui Vanguardista, nunca usei uniforme, nunca jurei o “compromisso solene”, nunca cantei o hino da mocidade lusitana. É verdade que fiz a instrução primária num Externato, mas em 1967 já frequentava o Ensino Público, numa secção do Liceu Passos Manuel, e não tenho recordações negativas desses tempos… A partir de 1972, a filiação tornou-se voluntária. Comprava a revista quinzenal “A Fagulha”, propriedade da Mocidade Portuguesa Feminina, e recordo-me de a ler de uma ponta a outra, assim como recordo a espera, ansiosa, do número seguinte…
Mais tarde, eu a T. resolvemos mudar de modalidade e a escolha foi consensual, a vela. Segundo o historiador Ricardo Serrado, Salazar defendia que o desporto nacional deveria ser a vela. Das poucas vezes em que ele aparece com trajes desportivos, surge dentro de um veleiro e diz que se houvesse um desporto nacional deveria ser a vela, por estar ligada ao mar. Obviamente que não optámos pela modalidade por ser a primeira escolha de Salazar, evidentemente que, nessa época, pouco nos importava a opinião dos adultos, mesmo que esta fosse do “Chefe” da Nação portuguesa. Inscrevemo-nos na nova actividade. Estávamos em Março de 1974. A Organização Nacional da Mocidade Portuguesa, nascida em 1936, foi extinta pela Junta de Salvação Nacional a 25 de Abril desse ano, logo, todas as actividades desportivas gratuitas deixaram de existir. Nunca velejei…
Desde essa altura até aos dias de hoje, muita coisa mudou.
As actividades gratuitas passaram a ser pagas, e eu deixei de as praticar…
Desde essa altura até aos dias de hoje, muita coisa mudou.
As actividades gratuitas passaram a ser pagas, e eu deixei de as praticar…
2 comentários:
Nasci em 1954 e fiz o liceu sem vestir a farda, exceptuando uma vez para uma cerimónia em 1964.A farda foi emprestada.
Apesar disso frequentei as actividades gratuitas da MP como o tiro de precisão e o modelismo.As actividades eram gratuitas. Nunca ninguém me tratou de forma discriminatória.
Obrigada J. por dares credibilidade às minhas palavras!
Como dizia (ou diz ainda)o senhor do "Astro", na Av. Guerra Junqueiro,"bem-haja"...
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