Li um artigo de opinião de Eduardo Paz Ferreira, no Jornal de Negócios, glosando o tema Portugal e a Europa avançam qual "Titanic" para o naufrágio.
Avanço desde já dizendo que não vou debruçar-me sobre este assunto porque, além de não ter nada a acrescentar ao acertado texto, não tenho bagagem para dissertar sobre a matéria. Vou, portanto, apenas apreciar um pequeno excerto em que ele evoca a tragédia do unsinkable Titanic. Dizia Paz Ferreira “Aquilo que me inquieta e desafia é, de facto, a indagação sobre o que faz o fascínio do tema Titanic. Com o maior respeito pelas poucas mais de mil e quinhentas pessoas que faleceram no desastre, não consigo deixar de recordar – e em que quantidade, infelizmente – muitos outros acontecimentos bem mais trágicos e destruidores de vidas humanas, que não merecem a mesma atenção e, desde logo, o naufrágio do "Lusitânia", atingido por um submarino alemão três anos depois.
Provavelmente que a explicação, muitas vezes adiantada, de que o interesse é devido ao facto de o desastre corresponder a uma demonstração de, que sempre que o homem proclama a invencibilidade de um engenho seu, a natureza ou as divindades tratam de o reconduzir à sua verdadeira dimensão, tem alguma razão de ser.”
Quem tem a caturrice, coragem e pachorra de me ir lendo e passar por aqui (bem hajam, como diria o empregado da pastelaria Astro na Av. Guerra Junqueiro, em Lisboa…) está careca de saber que eu sou uma eterna apaixonada do transatlântico RMS Titanic, da White Star Line, e do RMS Lusitania, um navio da Cunard Line. Quem me conhece bem sabe que esta paixão tem algo de lunático e, porque não confessá-lo, de maníaco. Também atraído por estas questões, o meu amigo JMC dizia-me, há pouco tempo, que este interesse por naufrágios seria, claramente, objecto de estudo e análise por parte de Freud… (não confundam com um case study porque eu não sou uma ferramenta de marketing nem tão-pouco uma história de sucesso…).
Pegando na convincente teoria freudiana que comparou o psiquismo humano a um icebergue, e sabendo nós que a sua parte visível corresponde ao consciente e a parte submersa, que não se vê e é maior, ao inconsciente, cabendo-lhe um papel determinante no comportamento, deduzo que inconscientemente sou maluca...
Quando Eduardo Paz Ferreira confronta os dois trágicos naufrágios declarando que o desastre do Lusitania nunca mereceu a devida atenção, tem manifestamente razão, mas faltou-lhe mencionar que o dramático naufrágio do Titanic, o gigante dos mares, foi amplamente divulgado por ser um navio supostamente inafundável, naufragou na viagem inaugural sem ter chegado ao seu destino e tudo isto aconteceu em tempo de paz…
Por que razão não esquecemos o Titanic? Para o historiador e pesquisador inglês Tim Maltin“o Titanic é a tragédia perfeita: o homem tentou controlar o universo, mas viu que a sua grandeza não é total. Até a mais avançada tecnologia pode ser dobrada por um vasto universo que nunca entenderemos completamente.”
Cem anos depois, o fascínio mundial sobrevive…
terça-feira, 17 de abril de 2012
A (minha) mania das grandezas…
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2 comentários:
Mais um belíssimo texto cheio de propriedade.
A «imortalidade» desse trágico acontecimento,será possívelmente comparável tambem á «imortalidade» do filme «E Tudo o Vento Levou» por razões óbviamente bem diferentes.
Certamente se seguiram melhores filmes e igualmente famosos, ... assim como se seguiram ao desastre do «Titanic» outros grandes desastres, mas esse filme continuará inesquecível, assim como o desastre deste transatlântico.
Cumprimentos
José Leite
Imortais e inesquecíveis são, sem dúvida, as palavras adequadas para descrever alguns filmes e acontecimentos...
Grata pelas suas palavras. Acredite que me sinto mal-agradecida por não comentar os seus “posts”… mas a vida é uma correria e muito raramente comento. Não quer dizer que não me agradem, muito pelo contrário!
Cordiais cumprimentos,
Fátima Castro
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