domingo, 14 de março de 2010

Preferências

Mais um fim-de-semana de filmes…
Precious, Up in the Air (Nas Nuvens), The Road (A Estrada) e Inglo(u)rious Bastards (Sacanas sem Lei).

Precious poderia ser, apenas, mais uma história de uma adolescente vítima de violência doméstica e abuso sexual familiar. É muito mais que isso, é um hino à coragem. Clareece Precious Jones é uma adolescente obesa que vive em Harlem, violentada pelo pai e grávida do seu segundo filho, com a agravante de receber maus tratos físicos e psicológicos por parte da mãe. Mas, porque a vida é preciosa, Clareece consegue vencer as dificuldades e dar um novo rumo à sua vida. As interpretações de Gabourey Sidibe e de Mo’Nique são surpreendentes, tendo a última, ganho, com mérito, a categoria de Melhor Actriz Secundária. Comovente, profundo e violento, não me poderia deixar indiferente.

Em Up in the Air, George Clooney não tem família e o seu grande objectivo é acumular milhas, obtidas nas muitas viagens de avião que tem que fazer anualmente, visto que é um consultor perito em despedir pessoal em empresas que estão com dificuldades financeiras. É um tema bastante actual, tendo em conta a crise económica que se vive e a consequente perda de empregos. O mote até parece interessante, Clooney até pode ser convincente, mas nem mesmo ele conseguiu pôr-me nas nuvens…
Julgo que, se este ano, não tivessem alargado o número de filmes candidatos ao Óscar de Melhor Filme, Up in the Air não estaria, certamente, nomeado.

Num cenário pós apocalíptico (que não é explicado, talvez uma explosão nuclear…), The Road conta a história emocionante de sobrevivência de um pai e do seu filho. O seu destino é a costa, embora não saibam o que os espera, ou se algo os espera. Nada possuem, apenas uma pistola para se defenderem dos bandidos que assaltam a estrada, as roupas que trazem vestidas, comida que vão encontrando. É um mundo em que vale tudo, um mundo do salve-se quem puder, sem valores e sem moralismos…
Interroguei-me, no decorrer da primeira hora de filme, o que levaria um pai a fazer tudo para que um filho sobrevivesse num mundo totalmente devastado. Talvez a resposta me tenha sido dada pela interpretação exemplar de Viggo Mortensen. Foi pela sua perspectiva que relembrei que os pais fazem tudo pelos filhos e um dos objectivos é protegê-los contra tudo e todos. You have to keep carrying the fire diz o pai. What fire? pergunta a criança. The fire inside you. A chama que o pai faz questão que o filho nunca deixe de sentir. A chama que faz de nós pessoas sensíveis e boas…
The Road não é mais um filme apocalíptico. The Road é dramático, deprimente, triste e chocante. Um retrato brutal, um filme magistral.

Sacanas sem Lei ou Inglourious Bastards.
Síntese: Em 1944, o nazismo espalha a sua sombra negra por quase toda a Europa. A opressão, a tirania e a perseguição ameaçam tomar conta do velho continente. A única esperança que resta aos combatentes da liberdade é fazer jogo sujo.
Um esquadrão muito especial de soldados americanos está a deixar uma marca, ou melhor, uma cicatriz no exército alemão. São uma mistura de soldados, mercenários, psicopatas e filhos-da-mãe conhecidos como… Sacanas sem Lei. Atravessam a Europa ocupada com um objectivo muito simples, caçar nazis. Apanhar tantos quantos conseguirem e dar cabo deles. Juntamente com uma actriz alemã e agente infiltrada, de seu nome Bridget von Hammersmark, eles planeiam derrubar o Terceiro Reich. Shosanna Dreyfuss é uma judia francesa que vive, sob identidade falsa, em Paris. Viu toda a sua família exterminada por um infame oficial das SS conhecido como “Caça Judeus”. Mais do que a própria sobrevivência, o que Shosanna ambiciona é pôr fim ao reino de terror dos Nazis e fazê-los pagar bem caro pelos seus crimes. Quando os caminhos de Shosanna e dos Sacanas se cruzam, uma orgia de vingança incendiária está prestes a acontecer…


O argumento, ainda que não tenha qualquer rigor histórico, é fantástico e inteligente, a banda sonora é delirante, os diálogos bem conseguidos e ricos, os “requintes de malvadez” inacreditáveis e as personagens arrebatadoras… Christoph Waltz é surpreendente, a verdadeira essência do filme, merecendo, sem dúvida, o Óscar para Melhor Actor Secundário, embora, na minha óptica, não haja actores secundários neste filme…
Confesso que nunca fui fã de Quentin Tarantino, mas vou passar a venerá-lo e prometo rever todos os seus filmes.
Inglourious Bastards deveria ter ganho a estatueta de Melhor Filme.
Inglourious Bastards não é um filme. É o Filme! É genial! É sublime! É glorioso…

Post Scriptum
Uma particularidade do filme: o bando de soldados, mercenários, psicopatas e filhos-da-mãe é conhecido como Sacanas sem Lei. No entanto, podemos perfeitamente dar esse título a todas as personagens…

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