Enquanto jovem, os termos nostalgia e saudosismo não faziam parte do meu vocabulário. Enquanto jovem, o passado nunca me pareceu importante, nunca me atraiu, nunca lhe encontrei encanto, nunca me suscitou qualquer sentimento. Enquanto jovem, desfiz-me (dando ou deitando fora…) de mil e uma coisas que julguei inúteis, que pensei não necessitar mais. Enquanto jovem, apenas o presente e o futuro mereciam atenção e relevo, talvez porque o passado era demasiado recente. Enquanto jovem… mas o tempo é implacável, os anos sucedem-se, e, hoje em dia, vejo o passado como um alicerce de uma construção, sem o qual eu não me tinha tornado naquilo que sou. Sei, hoje, que depois de desenterrar o baú das memórias, a sua revelação persistirá até ao resto dos meus dias. Agrada-me a ideia…
Apesar de me considerar uma pessoa bem-humorada, a nostalgia ataca-me com alguma regularidade e nessas ocasiões lembro com pena os haveres que perdi tão levianamente. Creio que esta sensação de perda já terá sido vivida, ocasionalmente, por todas as pessoas. Além de lembrarmos acontecimentos, há momentos na vida em que recordamos uma coisa material que nos marcou por qualquer motivo.
As diligências para encontrar alguns dos meus “antigos bens” começaram no final do ano anterior, mas não sou apenas eu que “corro” atrás das minhas memórias. Deixo aqui um dos “pertences” que o meu primo J.P. conseguiu arranjar numa feira, igualzinho ao que ele teve há 50 anos, e uma das minhas irresistíveis aquisições, através da internet. Recuperar e ter nas mãos o que nos fez felizes na infância é uma satisfação única …
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Memórias e Afectos (101)
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