A história dos Quatro Porquinhos (por Isabel Stilwell no jornal Destak)
Já nem os contos tradicionais são o que eram. As modernices são tais que a história dos Três Porquinhos, acaba de passar a quatro, como aliás já profetizavam os arrogantes dos nórdicos que inventaram o termos PIGS, para falar dos países (Portugal, Ireland, Greece and Spain), que cantavam em lugar de trabalhar. E por este andar, tarda nada a fábula é sobre uma vara inteira...
Na nova história, continuam a existir porquinhos que cantam e dançam em lugar de construírem casas sólidas e à prova do FMI, porquinhos que até ao dia em que o lobo mau lhes bate à porta, cantam trocistas um «Quem tem medo do lobo mau, lobo mau, lobo mau...». O porquinho português negava até 48 horas antes que a casa fosse voar pelo ar, o porquinho grego ainda diz que tem casa quando dorme ao relento e o porquinho espanhol consegue o feito de continuar a jurar que o palacete não vai abaixo, mesmo quando as portas e as janelas saltaram das dobradiças e já só há meio telhado. É claro que estávamos já todos à espera que o porquinho da casinha do lado fizesse tudo para não pertencer ao mesmo bairro, exigindo ser tratado como proprietário de um condomínio de luxo. Ao contrário dos outros porquinhos, que lá vão reconhecendo que talvez pudessem ter investido mais no cimento da estrutura, o porquinho espanhol jura que a casa está de pé, falta-lhe é, momentaneamente, uns cem milhões de trocos para uma caiadela.
A moral desta história reinventada é que todos os meninos que querem ser políticos quando forem grandes devem brincar antes de fazer os TPC, mentir, mesmo quando são apanhados com a boca na botija, e acreditar que por muito fôlego que tenha o lobo mau, há-de haver sempre alguém disposto a passar o cheque para a reconstrução da urbanização.
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