Quase todas as minhas recordações me deixam saudosa, mas nem todas me deixam um sorriso no rosto. Um sorriso triste ou um sorriso nostalgicamente ternurento que se estende até à alma. Foi, pois, com um destes sorrisos ternos que relembrei algumas das gulodices da minha infância e o sorriso, para além de me recordar experiências saborosas, ficou açucarado e guloso, como nos tempos da minha meninice…
A Olá sempre deu vários brindes e era grande a expectativa ao comprar um gelado…rasgava o papel à pressa, entusiasmada pela hipótese do bonequinho não ser repetido… Depois, saboreava o gelado devagar, protelando o fim do mesmo, com esperança que aquele pauzinho fosse um dos premiados…Quem não se lembra dos pauzinhos dos gelados com a palavra “prémio” gravada?
A Olá sempre deu vários brindes e era grande a expectativa ao comprar um gelado…rasgava o papel à pressa, entusiasmada pela hipótese do bonequinho não ser repetido… Depois, saboreava o gelado devagar, protelando o fim do mesmo, com esperança que aquele pauzinho fosse um dos premiados…Quem não se lembra dos pauzinhos dos gelados com a palavra “prémio” gravada?


Olha o Rajá fresquinho!... Fruta ou chocolate...
Os gelados da Rajá existiam com abundância lá por casa pois o meu irmão foi, durante algum tempo, vendedor da marca. Sorte a minha!

Os pudins Mandarim, em caixinhas azuis com um chinês (supostamente um mandarim), faziam a delícia de qualquer miúdo nos gloriosos anos sessenta.



Hoje em dia, com tanta oferta e variedade, não nos passa pela cabeça que estes refrescos em pó e pudins instantâneos possam ter sido tão inovadores.





Fazia-se um furo numa caixa de madeira que tinha uma superfície inclinada com um cartão numerado. Quando se furava o número, à nossa escolha, caía uma bolinha colorida em plástico para uma divisória na parte inferior. A cada cor correspondia um chocolate diferente. Se a memória não me atraiçoa (e engana-me vezes sem conta), a bolinha preta era premiada com uma tablete ComacomPão e o prémio da única bolinha dourada correspondia a uma caixa de bombons. Recordo-me que havia uma cor que saía muitas vezes, certamente a que equivalia ao chocolatinho mais barato…mas não era isso que me fazia desanimar, o que me fazia desanimar mesmo era ouvir os meus pais dizerem por hoje já chega…



A não ser que me provem que os altamente viciados, em Black Jack, Roleta ou Poker, adquiriram o vício do jogo na inofensiva caixa de furos…
Agora que penso nisto, é francamente provável que os viciados no Bingo se tenham deixado aliciar por este jogo, depois de tantas “linhas” feitas nas caixas dos furos e de tanto gritarem “bingo” quando lhes saía a cobiçada bola dourada…
Quiçá a corrupção que grassa no país se deva mesmo à catrefada de furos que estes corrompidos senhores fizeram na infância… É, por isso, imperioso que se afastem as nossas crianças da perniciosa caixa de furos, para que o combate à corrupção tenha sucesso…
O que mais posso escrever para reforçar o ridículo desta “competente”decisão?
Como diria a minha mãe, isto não é uma casa, é um “pagode”...
Enfim, coisas do antigamente que o tempo não consegue apagar.
Coisas do antigamente que a minha memória teima em ressuscitar…
2 comentários:
E os caramelos vaquinha?
Os caramelos vaquinha também fazem parte das minhas memórias e não estão esquecidos! Assim como os rebuçados da Heller...
Obrigada!
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