quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

“Mudos” operandi

de Georges Méliès


Morte…

… de uma livraria histórica! Sinais (tristes) dos tempos…

 livraria-portugal

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

WTH?

Será que não me ouviram? Será possível que os membros da Academy of Motion Picture Arts and Sciences não me tenham lido? Imperdoável!... Eu disse que o filme “O Artista” era singular e louvável, não disse que deveria ganhar os principais Óscares! Não compreendo, assim como não me entra na tola o porquê desta histeria à volta do filme, destes milhões de pessoas que afirmam a pés juntos que é excepcional, desta carneirada que não se atreve a contradizer os crânios cinematográficos porque não quer sentir-se estúpida! Carneirada, nada mais! E tudo o que mete carneirada me encanita!... Ninguém tem coragem para dizer aos membros da Academia que são uns imbecis? Ninguém lhes corta o fornecimento de estupefacientes e bebidas alcoólicas? A Academia precisa ser arejada, os membros são, na sua maioria, velhos (moucos, razão pela qual não me ouviram…) saudosos com a mente habitada por aranhas e suas teias (daí a escolha do cinema mudo…). Um estudo realizado pelo Los Angeles Times confirma que o júri dos Óscares, essas misteriosas figuras a quem os vencedores agradeceram vezes sem conta, tal como os críticos, são pessoas diferentes e não são representativas da maior parte das pessoas que vão ao cinema nos Estados Unidos (poderemos estender ao resto do mundo…). A realidade é que, geralmente, os gostos deles não estão em sintonia com os gostos das audiências. Refresquem-se! A Academia precisa de uma lufada, mais, de várias rajadas de ar fresco para afastar o cheiro a mofo…
“O Artista” laureado com 5 óscares?! What the hell? Mais uma vez, os jurados (leia-se “deuses”) devem estar loucos! Pronto, ok, a demência não se apresenta em estado avançado porque o “documentário” da National Geographic, “A Árvore da Vida”, saiu da cerimónia de mãos a abanar! Vá lá, vá lá… um rasgo de perspicácia! Estou a elogiá-los e na volta o que julgo ser competência deve-se apenas ao facto de terem adormecido, encontrarem-se pedrados ou alcoolizados. Às vezes consigo não ter apenas a mania que sou má, consigo ser mesmo má. Como diz o(a) outro(a), oh God, make me good, but not yet! Excepto “Jogada de Risco” (Moneyball), vi todos as películas candidatas a melhor filme e, na minha óptica, “O Artista” levaria o ouro para Banda Sonora Original e ponto final. Se pudesse atribuir o Óscar de Melhor Filme seria a um dos derrotados da cerimónia, “Extremely Loud & Incredibly Close” e o de Melhor Actor iria para Thomas Horn, o rapazinho que faz um papel estrondoso (capaz de meter num chinelo alguns veteranos) no mesmo filme. Outro dos vencidos, o épico “Cavalo de Guerra” também tem a minha aclamação e entra para o terceiro lugar da minha lista de eleitos. Hugo ocupa o segundo lugar das minhas preferências e o galardão de Melhor Realizador iria, sem qualquer hesitação, para Martin Scorsese.
And the academy members are

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Dupla homenagem…

… ao cinema!
“O Artista”, filme mudo do cineasta francês Michel Hazanavicius, recria a magia do cinema mudo nas primeiras décadas de Hollywood e salienta o momento de transição do cinema mudo para o sonoro.
Para mim era impensável ver, nos dias de hoje, um filme mudo e a preto e branco, estava completamente fora de questão, não queria… mas a curiosidade falou mais alto e não me arrependi. A personagem de George Valentin assenta que nem uma luva a Jean Dujardin (que vi pela primeira vez) e Bérénice Bejo (que recordo de “Coração de Cavaleiro”) interpreta uma Peppy Miller deliciosa. A banda sonora, de Ludovic Bource, é fenomenal… Embora o considere singular e louvável, não é o meu filme de eleição.

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“Hugo” ou “A Invenção de Hugo Cabret” é a primeira incursão do realizador Martin Scorsese pelo mundo encantado do 3D e homenageia o cinema francês na figura do cineasta Georges Méliès, pioneiro no cinema fantástico e, considerado por muitos, o pai dos efeitos especiais.
No papel de Hugo, o admirável adolescente, Asa Butterfield, que já tinha tido o prazer de ver em “O Rapaz do Pijama às Riscas”. Ben Kingsley dá vida a George Méliès numa interpretação perfeita, como sempre…
Este é um filme encantador, assombroso e prodigioso que eu veria novamente com agrado. Once upon a time, I met a boy named Hugo Cabret

Hugo

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Bravo! Bravo!

Meryl Streep avassaladora em “A Dama de Ferro”

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Glenn Close esplêndida em “Albert Nobbs”

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Do meu ponto de vista, “Albert Nobbs”
salva-se pelos excelentes desempenhos…
Glenn merece a estatueta dourada,
mas o mais provável é ela ir para Meryl...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Perturbante

No filme “Um Método Perigoso” (A Dangerous Method), baseado em factos verídicos, David Cronenberg aborda o estudo da mente, os fenómenos psíquicos e o nascimento da psicanálise, temas que são um tanto obscuros para mim porque não os domino, sou completamente ignorante.
Os primeiros minutos do filme são de agonia porque vimos Keira Knightley, no papel da russa Sabina Spielrein, inicialmente histérica e depois totalmente desequilibrada e perturbada. Não tenho conhecimentos que me permitam escrever sobre as doenças mentais ou sobre o distúrbio psíquico de Sabina. A cena inicial é intensa, desconfortável, chocante, mas, como não tenho noção dos sintomas da doença (histeria esquizofrénica?) não consegui perceber se estava a assistir a um excelente desempenho de Keira ou se ela, com todos aqueles esgares, estava a pecar por excesso e me presenteou com uma performance pouco credível. Quero acreditar na versão da brilhante interpretação e na perturbante Sabina.

Keira_Knightley
um-metodo-perigoso
Carl Jung, fascinado pela psicanálise mas com visões diferentes de Freud, conseguiu curar Sabina Spielrein e pelo que entendi terá sido através da teoria, ainda experimental, dos complexos (psicologia analítica). Recorrendo a uma lista de palavras-estímulo, analisava o tempo de resposta a cada palavra, determinando assim a existência de complexos que influenciavam o comportamento do paciente. Sabina, curada (?), começa a estudar psicanálise e, na sequência da aprendizagem, envolve-se sexualmente com Carl Jung, numa relação sadomasoquista. Jung conhece Sigmund Freud e começam a trabalhar juntos, trocando correspondência sobre as perversões sexuais de Sabina Spielrein, embora não partilhem as mesmas ideias. Enquanto Freud defende que os conflitos psicológicos têm como causa directa os traumas sexuais, Carl Jung interpretava os distúrbios mentais e emocionais como uma tentativa do individuo procurar a perfeição pessoal e espiritual. Por força das circunstâncias, estes dois gigantes e precursores da psicanálise e da psicologia analítica acabaram por se separar.

Metodo Perigoso
Viggo Mortensen e Michael Fassbender (agora está na berra…) perfeitos nos papéis de Freud e Jung. Apesar de não sentir qualquer afinidade com estes temas, nem partilhar a paixão pela psicanálise, posso dizer conscientemente que “Um Método Perigoso” é seguramente um bom filme.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Água aos elefantes…

Parlamento não troca garrafas por água da torneira. Mas porque carga d’água é que estes paquidermes, estas bestas parlamentares (para lamentar…) que nos dão água pela barba, não compram a sua garrafinha? Eu dava aguinha a estes presunçosos, dava, mas era aguarrás!…E punha-os a viver em águas-furtadas!
Esta polémica carnavalesca (só faltaram os balões de água…) com a água da torneira versus água engarrafada deve trazer água no bico, talvez uma manobra de diversão enquanto nos lixam e sacodem a água do capote…
Já os imagino a cantar “Cachaça não é água” versão assembleia:
Pode-me faltar vergonha
Que isso até acho piada
Só não quero que me falte
A água engarrafada…
 
Diz um ditado italiano que “os dinheiros públicos são como a água benta, todos lhe põem a mão”.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

domingo, 19 de fevereiro de 2012

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Frontal, irreverente, ousada e erudita

Maria Filomena Mónica, socióloga e historiadora, deixou-me maravilhada na entrevista que deu, hoje, a António José Teixeira, director da SIC Notícias. O meu tributo e o meu grande aplauso para esta mulher fora-de-série!
Não deixem de ver
aqui. E aproveitem para ver cinco minutos do seu perfil íntimo aqui. Julgo que não vão arrepender-se…
Fiquei com uma enorme vontade de comprar todos os seus livros…

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Sonhar um sonho…

O homem que vai dar a volta ao mundo a desenhar (por Rui Tavares Guedes in Visão)

Aos 32 anos, Luís Simões está pronto para a grande aventura da sua vida: durante cinco anos vai percorrer os cinco continentes. A desenhar tudo o que vê à sua volta.

Sempre que a tinta preta entra no papel branco, os traços saem precisos e geométricos. E risco após risco, a imagem começa a nascer na folha do caderno. De forma sincopada, ao ritmo do olhar, encaixando as dimensões da paisagem num espaço delimitado, de proporções equilibradas, linhas de profundidade corretas e captando uma espécie de alma que escapa aos outros transeuntes. Depois, concluída a estrutura, junta-lhe aguarelas de cores suaves, irrepetíveis na natureza, mas harmoniosas no resultado final.
É nestes momentos, sentado no chão ou encostado a uma qualquer esquina de um qualquer beco de uma qualquer cidade, que Luís Simões se sente realizado. E com uma imensa vontade de não parar, de conhecer outros lugares, de aprender novas técnicas de desenho, de partilhar as suas visões e... mudar de vida. O seu sonho - a que chamou World Sketching Tour - está prestes a concretizar-se: dentro de algumas semanas, ele vai partir, de bagagem repleta de cadernos, lápis e tintas. Com um objetivo bem definido, mas um plano que irá construindo aos poucos: "A ideia é passar um ano em cada continente, portanto, dentro de cinco anos posso regressar... ou talvez não."
Para poder partir com esse objetivo, Luís Simões despediu-se do seu emprego confortável como motion designer na SIC, onde estava há quatro anos, e começou a contactar os muitos outros urban scketchers que existem pelo mundo, e que conhecia através da "troca de desenhos" na internet. O plano é simples: um pouco por todo o lado, vai ficando alojado nas casas de outros desenhadores como ele, tentando perceber a identidade de cada local e, ao mesmo tempo, aprender novas técnicas. "Este projeto define-se em quatro palavras: viajar, conhecer, aprender e desenhar", diz, com uma convicção a toda a prova.
Percebe-se que há nele uma ânsia por partir e poder descobrir outras culturas, povos e estilos de vida. Sem receios de espécie alguma e apenas animado pelos desafios que pode encontrar: "Só o facto de saber que vou estar com pessoas que desenham melhor do que eu, que me podem mostrar outros caminhos e técnicas, é algo que me deixa completamente realizado".
No fundo, tudo se resume a uma frase simples, que ele não se cansa de repetir: "A vida é boa demais para ficarmos sempre no mesmo sítio."

Eu acrescentaria que a vida é como um piquenique e a maioria de nós deixa o melhor para as formigas…

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Livros e Mar: eis o meu elemento! (54)

Nunca tinha lido Eduardo Mendoza. Ao ler a sinopse do seu último livro “Rixa de Gatos”, uma história cuja acção decorre nos dias que antecederam a Guerra Civil Espanhola, senti enorme vontade de ler o romance, sobretudo porque o tema abordado na narrativa me desperta interesse e também porque tenho conhecimentos pouco profundos sobre este período turbulento em 1936.
O inglês Anthony Whitelands, especialista em pintura do Século de Ouro Espanhol, preferencialmente por Velázquez, chega a Madrid para certificar a autoria de um quadro escondido nas caves de um simpatizante falangista e acaba por se ver envolvido em intrigas, conspirações e espionagem. Com a guerra iminente, entre aristocratas, republicanos, falangistas e saudosistas da ditadura de Primo de Rivera, espiões e generais, Whitelands, completamente perdido, vive uma semana conturbada.
“Rixa de Gatos” é um título vulgar e paradoxalmente peculiar porque não se trata de uma rixa de gatos no verdadeiro sentido, mas de acontecimentos que antecederam um conflito que teve sequelas terríveis e “gatos” porque outrora os madrilenos eram assim alcunhados…

No próximo dia 23 de fevereiro, regressa às livrarias “A Cidade dos Prodígios”, o romance que, publicado pela primeira vez em Portugal no fim dos anos 1980, tornou famoso o escritor catalão Eduardo Mendoza. Um excelente móbil para ir à Bertrand…

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Um perito de arte inglês, Anthony Whitelands, chega de comboio à Madrid fervilhante de 1936. A sua tarefa é autenticar um quadro desconhecido, que pertence a um amigo de José Antonio Primo de Rivera, fundador da Falange, quadro cujo valor pode ser fundamental para apoiar uma mudança política em Espanha. Turbulentos amores, retratos fiéis dos meios sociais da época e a atmosfera tensa de aventura e de conspiração que antecede a guerra civil que se aproxima marcam este notável novo romance de Eduardo Mendoza, onde o humor e a ironia se cruzam com a gravidade da tragédia.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Descubra o milionário…

… que há em si! Corte nos wants e mantenha os needs

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Let's look at the trailer (23)



Estava curiosa para ver o filme “As Serviçais”. A expectativa era grande. A minha apreciação seria muito positiva e diria que o filme era magnífico e irrepreensível, caso não tivesse lido a obra, mas como li, o meu julgamento não é tão favorável.
Sei que é candidato aos Óscares na categoria de Melhor Filme e sei que Octavia Spencer (que desempenha o papel de Minny Jackson) ganhou o prémio de Melhor Actriz Secundária nos BAFTA 2012. Sei que arrisco um linchamento, mas, pedindo desculpa aos entendidos e a todos aqueles que consideram o filme excelente, começo por dizer que lhe falta intensidade dramática, falta-lhe a atmosfera inquietante, o ambiente tenso, a intimidação, a ansiedade, a apreensão do perigo no ar que se respira. Depois temos a duração do filme. Parece-me que 146 minutos de filme são exagerados tendo em conta que o tratamento das questões raciais e morais é abordado de uma forma um pouco leve.
Não querendo pôr em causa as extraordinárias interpretações, em particular a de Octavia Spencer, o “meu prémio BAFTA”, a “minha estatueta”, iria para Bryce Dallas Howard (“A Vila”, de 2004, e, mais recentemente, “50/50”, de 2011, onde contracena com o encantador Joseph Gordon-Levitt) que dá vida à intransigente e racista Hilly Holbrook, a expressiva líder das mulheres mesquinhas e fúteis…
O filme é, sem dúvida, muito bom, mas há uma intensidade e uma riqueza de detalhes que só é possível vivenciar e apreciar através da leitura da obra.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Carta de saudades…

A professora pediu aos alunos, numa aula de Português, para pensarem numa pessoa que eles admirassem e respeitassem e escrevessem uma carta a essa pessoa. A minha filha escolheu o avô, meu pai. A professora sensibilizou-se com a carta que tinha como destinatário o avô. A mim, não só me comoveu como me fez chorar…
Presenteio o meu avô paterno, no dia do seu aniversário natalício, 12 de Fevereiro, com o mar de palavras da minha filha, para que ele possa, esteja onde estiver, sentir orgulho pelo extraordinário e inesquecível ser humano que era o filho…

Querido avô

Pediram-me para pensar em alguém por quem sentisse uma grande admiração, uma pessoa que me fascinasse. Pensei, voltei a pensar e só te encontrei a ti. Não havia mais ninguém e não sabia bem o porquê, mas talvez fossem as saudades, não sei…
O passo seguinte era escrever uma carta a esse “alguém”, o que me levou a pensar, por instantes, que seria uma tarefa complicada, por já não estares aqui, por achar que já não estavas no meu mundo… mas enganei-me e agora aqui estou a escrever-te, a recordar-me de ti e de todos os momentos que passámos os dois. Recordo ainda tudo aquilo que contigo aprendi. Cresci a ver-te agir como uma pessoa sensata, dando valor às coisas realmente importantes da vida, deixando para trás tudo o que era desnecessário para se ser, dentro do possível, uma pessoa feliz. Ensinaste-me a lutar pelos meus objectivos, a dar sempre o meu máximo para atingir algo que quero, a não me deixar ficar a ver a vida passar-me à frente e eu sem nada fazer, a nunca desistir dos meus sonhos. Algo que espero cumprir, prometo!
Eras uma pessoa fantástica, fizeste-me crescer enquanto ser humano, tornaste-me alguém melhor e mais forte e, por isso, devo-te um obrigada. É tudo isto que me faz orgulhosa de ti e sentir saudade…saudade de ti, saudade do que eras, saudade do que sempre serás para mim.
Quero que saibas que foste uma das melhores pessoas que já conheci, que foste e serás sempre o melhor avô do mundo.Nunca te esquecerei, continuo a ter orgulho em ti, orgulho de ter crescido com uma pessoa tão especial como tu a meu lado.

Um forte abraço,

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Parabéns JMC

In a cold world you need your friends to keep you warm…

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Um grande filme de 1983. Dele saíram excelentes actores, sendo o meu preferido o William Hurt. E o teu?…

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Livros e Mar: eis o meu elemento! (53)

Kathryn Stockett, no seu romance de estreia As Serviçais (The Help), presenteia-nos com o seu enorme talento e irei aguardar, impaciente, a próxima obra, talvez outro bestseller
A acção decorre em Jackson, capital do estado do Mississípi, e retrata a sociedade sulista e os conflitos raciais a partir do início dos anos 60.
Três mulheres singulares. Três mulheres reprimidas, mas determinadas. Três mulheres, uma branca, a jornalista Skeeter, e duas criadas negras, Aibileen e Minny, vão alternando a narrativa. Três vozes, a mesma luta, o mesmo grito de revolta, um segredo em comum.
Uma história comovente sobre os pequenos triunfos da humanidade. Um romance profundo, cheio de força dramática, passado num período conturbado em que a luta dos negros pela igualdade de direitos se começava a exteriorizar através de manifestações, enquanto os brancos impunham as regras raciais e sociais.
Este romance foi escrito como homenagem a Demetrie, a empregada negra que foi o porto seguro da escritora numa infância fracturada pelas separações e ausências dos pais.
Aos que já viram recusadas as suas obras por uma qualquer editora, fica uma palavra de esperança. Este livro foi rejeitado por dezenas de agentes literários que, presentemente, poderão estar arrependidos…

as serviçais

Skeeter tem vinte e dois anos e acabou de regressar da universidade a Jackson, Mississippi. Mas estamos em 1962, e a sua mãe só irá descansar quando a filha tiver uma aliança no dedo.
Aibileen é uma criada negra, uma mulher sábia que viu crescer dezassete crianças. Quando o seu próprio filho morre num acidente, algo se quebra dentro dela.
Minny, a melhor amiga de Aibileen, é provavelmente a mulher com a língua mais afiada do Mississippi. Cozinha divinamente, mas tem sérias dificuldades em manter o emprego… até ao momento em que encontra uma senhora nova na cidade.
Estas três personagens extraordinárias irão cruzar-se e iniciar um projecto que mudará a sua cidade e as vidas de todas as mulheres, criadas e senhoras, que habitam Jackson. São as suas vozes que nos contam esta história inesquecível cheia de humor, esperança e tristeza.
Uma história que conquistou a América e está a conquistar o mundo.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Message in a bottle (64)

Piegas, talvez, mas iletrados certamente (por Isabel Stilwell no Destak)

Fui ouvir o discurso que Pedro Passos Coelhos fez na escola que visitou. Ouvir o original, em lugar de acreditar nas mil semi- transcrições que apareceram por todo o lado. Já andamos todos neste mundo há muitos anos para nos fiarmos em discursos parlamentares indignados, ou declarações de políticos que parecem virgens ofendidas, citando afirmações fora do contexto porque percebem que o “soundbite” funciona. Da esquerda, à direita, bem entendido, todos os fazem. Somem-se-lhe depois alguns comentadores, bloguistas e redes sociais e o Carnaval está instalado. Faço-o por uma questão de ética: para me indignar quando acho que há razões de indignação, e para não seguir a carneirada de forma acéfala, se se trata de um aproveitamento.
Por isso, quando todas as conversas passaram a conter a palavra “piegas” fui ouvir as palavras do próprio na TSF. Dias depois, rios de tinta corridos, intervenções na Assembleia da República e manchetes de jornais publicadas, fiquei de boca aberta, pela desonestidade intelectual, na pior das hipóteses, e na melhor, pelo grau de analfabetismo funcional, que permite que se tenha “treslido/resouvido” desta maneira.
O senhor falava numa escola. E disse, a propósito do ensino: “Devemos persistir, ser exigentes, e não sermos piegas, nem ter pena dos alunos, coitadinhos, que sofrem tanto para aprender. Nunca conheci um aluno que anos mais tarde, louvasse os professores que facilitavam ou não tivessem cumprido devidamente”. Ora, no contexto da relação pais e filhos, nós os pais somos piegas, sem dúvida nenhuma. Dói-nos a alma pensar que têm de acordar tão cedo, fazer tantos TPC, ir a tantas aulas e reagimos contra os professores sempre que os castigam. Levamo-los à escola, financiamos os seus caprichos, e regra geral somos muito pouco exigentes. Se os pais dos que afirmam que chamou piegas aos portugueses o tivessem sido menos, quem sabe se a esta hora não saberiam ler.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O ilustre anónimo

Em “Anónimo”, o realizador alemão Roland Emmerich apresenta-nos um argumento que seria, a meu ver, trágico caso os factos fossem comprovados e deixassem de ser suposições. Duvidar do génio de William Shakespeare e pôr em causa toda a sua obra é o tema central do filme e durante 130 minutos assistimos ao descrédito do “impostor” mais lido de sempre.

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Teoricamente, Shakespeare não teria escrito uma única palavra e assinava e levava à cena obras da autoria de um nobre, Edward de Vere, 17º Conde de Oxford, que seria não só filho ilegítimo da Rainha Elizabeth I (segundo a teoria a “Rainha Virgem” não era virgem…) como teria tido, vinte anos depois, uma relação incestuosa com ela que resultou num filho, o Conde de Southampton…
Esta teoria da conspiração explicaria o encobrimento do nome do criador da maior obra literária da língua inglesa porque poderia ser o futuro Rei de Inglaterra? O cineasta defende esta teoria, também sustentada por intelectuais e estudiosos como Sigmund Freud, Orson Welles, Charles Dickens e Mark Twain, lembrando que não foi mencionado qualquer livro no testamento de William Shakespeare e que não existe qualquer carta ou texto escrito com a própria letra. Duvidam que um homem humilde e sem instrução universitária pudesse escrever tais obras-primas literárias? Perverso e preconceituoso…
Edward de Vere é interpretado pelo actor Rhys Ifans, o desajeitado e louco Spike que partilha a casa com Hugh Grant na comédia romântica Notting Hill. Ifans quase irreconhecível ao lado da magnânima Vanessa Redgrave no papel da Rainha Elizabeth I.
Intrigas e conspirações num admirável filme de época.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Low-profile

“Os Descendentes” não é uma obra-prima, não é excelente, não é mau, vê-se uma vez e está visto. Um drama intimista, familiar, com George Clooney a interpretar o papel de um advogado e pai ausente, Matt King, que se confronta com o estado de coma da mulher, enquanto lida com situações difíceis ao tentar criar uma relação mais profunda com as filhas.

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Nesta película discreta, realço a intensa e rebelde interpretação de Shailene Woodley, na personagem de Alexandra King, filha mais velha de Matt, que nos brinda com os melhores momentos do drama da família. Já Clooney tem apenas uma cena que merece o meu aplauso e me convence. Do meu ponto de vista, certamente distinto do dos brilhantes cinéfilos, Clonney é pouco versátil e muito superficial, não conseguindo transmitir as emoções que o papel exige. Considero que ele é competente no âmbito das comédias light e em papéis sedutores, mas não tem savoir-faire para o drama. Ainda não vi as interpretações dos outros nomeados ao Óscar de melhor actor, mas, definitivamente, não vejo razões para ele arrebatar o tão desejado prémio. Se fosse possível aconselhava-o a tirar partido do charme ficando-se pela publicidade da Nespresso… What else?

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Let's look at the trailer (22)

Recordando e homenageando o cineasta francês

domingo, 5 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Message in a bottle (63)

O futebol faz-me pagar mais impostos (por Isabel Stilwell no Destak)

Basta ler as letras gordas dos jornais desportivos e ouvir a conversa de alguns especialistas, para estar a par de que o Sporting está em falência técnica, o Benfica pode ir pelo mesmo caminho e suponho que todos os outros “grandes” clubes têm a coluna do Deve bem mais longa e pesada do que a do Haver. Porque na do Deve estão milhões de euros, e são mesmo milhões, que há anos não pagam ao Estado, já nem quero saber dos outros credores. Não pagar ao Estado significa basicamente que não nos pagam a nós, deixando pensões, reformas, subsídios e apoios à míngua de financiamento, e sendo que o dinheiro do jogo financia misericórdias e assistências sociais, são mais uma vez os mais pobres aqueles a quem o comportamento “caloteiro” dos grandes clubes afecta numa primeira linha.
Sinceramente não sei o suficiente da contabilidade do futebol para entender de onde vem o buraco financeiro, muito anterior à actual crise, e não quero entrar na conversa primária do “ah, e tal, se não pagassem tanto aos jogadores”, porque entendo que há uma lógica de negócio que passa por aquelas transacções, acreditando que dentro da lei da oferta e da procura que rege aquele mercado, como todos os outros, cada um ganha o que vale (pelo menos é o que diz o Dr. Catroga, em declaração feita a propósito do seu vencimento na EDP), mas o que me pergunto é porque é que o Estado é tão condescendente quando são estes os maus pagadores.
É verdade que o futebol é o divertimento das massas, e que quando não há pão, dá-se circo ao povo, mas se esses adeptos perceberem que em cada bilhete que compram pagam o seu custo fácil, mais todos os aumentos de impostos que a situação dos seus clubes impõe ao País, talvez percebam que o futebol lhes está a sair caro de mais. Se não entenderem, então que se aplique o princípio do pagador-utilizador, e todos os adeptos paguem pelo menos os meus impostos.