segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Galinha corada…

Um dos componentes masculinos do meu grupo de amizades (por casualidade, com quem tenho mais afinidade) emprega, por vezes, o vocábulo “galinhas” referindo-se aos elementos femininos, pertençam eles ao grupo ou não. Diz ele que as mulheres quando se juntam parecem galinhas, com mais ou menos penas, mas galinhas na capoeira. Esta forma de tratamento, que não é exclusividade nossa nem é recente, não passa de uma chacota, mas não é do contento de algumas mulheres. A mim não me afecta absolutamente nada! É uma imagem na qual não me revejo nem um bocadinho, e muito menos no depreciativo que, eventualmente, a palavra possa conter, por isso, faço por ignorar o gracejo ou entro na brincadeira. Não vou em grupo à casa de banho, não entro em histeria por dá cá aquela palha, não compro revistas de fofocas (embora a minha vizinha do lado teime em me alimentar a cusquice deixando no meu tapete as revistas que já leu…), não passo horas nas compras (não tenho dinheiro nem pachorra…), não cacarejo, quer dizer, não sou tagarela, e quando cavaqueio de algum assunto que me agrada, não fico alvoraçada ao ponto de “arrancar penas”…
Bom, mas afinal porque é que comparam as mulheres às galinhas? Até há pouco tempo as galinhas eram consideradas estúpidas, mas sabe-se, agora, que as galinhas são, afinal, animais muito inteligentes. Entendem conceitos intelectuais sofisticados, aprendem através da observação, são capazes de demonstrar auto-controlo, preocupam-se com o futuro, e os seus conhecimentos evoluem de geração para geração. As galinhas são curiosas e extremamente sociáveis, gostam de passar os dias umas com as outras, têm mais de trinta sons que usam para compor e transmitir mensagens e também comunicam visualmente. Quem passa muito tempo com galinhas, que vivam num ambiente natural, sabe que cada galinha tem uma personalidade diferente da outra, o que normalmente dita o seu lugar na hierarquia – algumas são mais medrosas, outras mais tímidas e observadoras e outras são um pouco mais agressivas. Cada galinha é um indivíduo diferente com uma personalidade diferente.
Surpreendidos? Pois, contrariamente ao que se pensa, comparar mulheres e galinhas é perfeitamente legítimo. Apesar disso, preferia ser comparada a uma andorinha, a um rouxinol ou até mesmo a uma gralha, por uma razão muito simples, um trauma de infância que tem sido difícil de solucionar, o medo de galinhas! Uma vergonha!... Assim, como é que eu posso ser uma mãe galinha?

Galinhas […] A imagem da «Mulher Portuguesa» que os homens portugueses fabricaram é apenas uma imagem da mulher com a qual eles realmente seriam capazes de se sentirem superiores. Uma galinha. Que dizer de um homem que é domador de galinhas, porque os outros animais lhe metem medo? Na realidade, A Mulher Portuguesa é uma leoa que, por força das circunstâncias, sabe imitar a voz das galinhas, porque o rugir dela mete medo ao parceiro. Quando perdem a paciência, ou se cansam, cuidado. A Mulher portuguesa zangada não é o «Agarrem-me senão eu mato-o» dos homens: agarra mesmo, e mata mesmo. Se a Padeira de Aljubarrota fosse padeiro, é provável que se pusesse antes a envenenar os pães e ir servi-los aos castelhanos, em vez de sair porta fora com a pá na mão. […]

(Miguel Esteves Cardoso in “A Causa das Coisas”)

O meu refúgio

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domingo, 30 de outubro de 2011

Ensaio sobre a “pobredade”

A puberdade é a fase da pré-adolescência. A “pobredade” (esta palavra não foi escrita ao abrigo do novo Acordo Ortográfico, é unicamente fruto de um delírio da minha mente perturbada…) é a fase da pré-indigência. Diz-se que um indivíduo está na puberdade quando adquire maturidade sexual e se torna apto para a procriação. Um indivíduo encontra-se na “pobredade” quando ganha, esqueçam, na “pobredade” não se ganha nada, quando perde capital e se torna apto para suportar a privação…A puberdade é um processo de mudança em qualquer geração, seja ela rasca ou à rasca. Já a “pobredade” é um processo de mudança rasca que deixa qualquer geração à rasca.
Na pré-adolescência, isto é, na puberdade, ocorrem várias modificações morfológicas e psicológicas. Na “pobredade” também, baixa de peso, aparecimento de cabelos brancos, irritabilidade, variações de humor e distúrbios da memória (Quem sou eu? Quem tem medo de Virgínia Woolf? Quem tem farelos? Quem matou Laura Palmer?...).
A puberdade tem uma duração definida, ocorre num determinado espaço de tempo. A “pobredade” tem um começo, mas nunca sabemos quando termina. Pode durar um ano, dois, cinco, dez… Assim, a puberdade é um período de transição e a “pobredade” é um período de aflição.
Passei pela puberdade há uns anos (ou será que foi no mês passado? Vai na volta foi ontem e já não me lembro…) e preparo-me, agora, para passar uns anos na “pobredade”. Apesar das diferenças, e de ter passado mais tempo na fase pubertária do que na fase proletária, consigo, no meu caso particular, encontrar uma semelhança, o carcanhol… ou melhor, a falta dele!

Parece-me que este ensaio não correu lá muito bem. Julgo que merecia, mesmo, um ensaio de porrada…

sábado, 29 de outubro de 2011

Séries fora de série…

Não sendo exactamente o meu género, não me decepcionaram, e não deixam de ser interessantes e invulgares.

Person of Interest

Finch, um génio da computação, desenvolveu uma máquina para o governo americano que é usada para detectar informações que levem a actos de terrorismo antes que eles aconteçam. A máquina separa as informações armazenadas em duas categorias, relevantes e irrelevantes, mas as informações que parecem insignificantes levam a actos de criminalidade violenta. Finch contrata John Reese, um ex-agente das operações especiais da CIA e juntos tentam evitar os homicídios, associados ao número da segurança social. Tanto Finch como Reese estão oficialmente dados como mortos…

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Fringe

Mais uma série dramática que gira à volta de uma agente do FBI que é forçada a trabalhar com o Dr. Walter Bishop, a fim de racionalizar uma tempestade de fenómenos inexplicáveis. Bishop, considerado o Einstein da nossa geração, esteve internado numa instituição psiquiátrica durante 17 anos e a única forma de questioná-lo é pedindo ajuda a Peter Bishop, o estranho filho de Walter, que possui um QI de 190…

fringe

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Juízo Final

Depois de anunciadas as novas medidas de austeridade, deixei de ter medo do fim do Mundo.
O que me assusta, mesmo, é o fim do mês!!!…

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Desconfiem sempre!

Li por aí…

Certa tarde, um famoso banqueiro ia para casa, na sua enorme limusine, quando viu dois homens, à beira da estrada, a comer relva. Ordenou ao motorista que parasse, saiu do carro e perguntou a um deles:
– Porque é que estão a comer relva?
– Não temos dinheiro para a comida, por isso temos de comer relva – disse o pobre homem.
– Bem, então venham a minha casa, que eu irei dar-vos de comer – disse o banqueiro.
– Obrigado, mas tenho mulher e dois filhos comigo. Estão ali, debaixo daquela árvore.
– Que venham também! – disse o banqueiro.
E voltando-se para o outro homem disse-lhe: – Você também pode vir.
O homem, com uma voz muito sumida, disse
– Mas eu também tenho mulher e três filhos comigo!
– Pois que venham também – respondeu o banqueiro.
E entraram todos no enorme e luxuoso carro.
Uma vez a caminho, um dos homens olhou timidamente para o banqueiro e disse:
– O senhor é muito bom. Obrigado por nos levar a todos!
O banqueiro respondeu:
– Fico muito feliz por fazê-lo! Vocês vão ficar encantados com a minha casa... A relva está com mais de 20 centímetros de altura!

Moral da história:
Quando achar que um banqueiro (ou banco) o está a ajudar, não se iluda!...

domingo, 23 de outubro de 2011

Recomendo vivamente…

…a mini-série “Mildred Pierce” que estreou a 10 de Outubro no canal de televisão por cabo Fox Life. Passada nos anos 30, na altura da Grande Depressão, “Mildred Pierce” é uma adaptação do romance homónimo de James Cain que já tinha sido adaptado ao cinema em 1945 com o título “Alma em Suplício” (Mildred Pierce) pelo realizador Michael Curtiz. Joan Crawford ganhou o Óscar de melhor actriz neste filme e Kate Winslet, combinando força e fragilidade, ganhou um Emmy pelo seu enorme talento. “Mildred Pierce” é um drama centrado na vida de uma mulher determinada, separada do marido e com duas filhas, assim como o seu relacionamento familiar e a luta por manter um nível de vida equilibrado numa época de crise económica mundial.

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Ainda no mesmo canal, logo a seguir a “Mildred Pierce”, estreou, também a 10 de Outubro, mais outra excelente série de época, “Downton Abbey, que arrecadou 4 Emmys. Na tragédia do Titanic pereceram os possíveis herdeiros homens de uma família aristocrática. Com a falta de um filho varão, o que pode acontecer à casa e à fortuna da família? Esta série tem uma particularidade que me agrada muito, não só retrata a vida da família, mas também nos presenteia com a vida e segredos dos criados, governantas, mordomos, camareiros e cozinheiras que cuidam com desvelo da mansão e dos seus senhores. É esta classe que acrescenta mais brilho a esta série, pois a família pouco ou nada sabe dos seus criados e esse facto acaba por criar uma atmosfera mais enigmática e estimulante.

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sábado, 22 de outubro de 2011

Sinto muito...

... mas é o próximo cinto da moda...

Message in a bottle (59)

[…] John Pierpont Morgan (1837-1913) foi um grande banqueiro norte-americano, numa época de capitalismo selvagem.
Ele e alguns outros empresários da sua época ficaram classificados como robber barons. Este clássico capitalista – até fumava charutos em série – entendia, no entanto, que a remuneração do executivo máximo de uma empresa não deveria exceder 20 vezes o salário mais baixo pago nessa empresa.
Mais perto de nós, o austríaco de nascimento Peter Drucker (1909-2005), filósofo, economista e "pai" da moderna gestão empresarial, achava que os ganhos do administrador de topo teriam de se ficar por 20 vezes o salário médio (e não já o mais baixo) da empresa. Mas o que vemos hoje está longe das ideias de J. P. Morgan e de P. Drucker.[…]

Francisco Sarsfield Cabral - SOL 12 de Setembro 2011

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Em exibição numa sala…

… perto de mim…

Na (minha) impossibilidade de acompanhar como espectadora a 12ª Festa do Cinema Francês, tentarei, por outras vias, ver alguns dos filmes que fazem parte desta programação tão eclética.
Enquanto tal não sucede (lamentavelmente o dia só tem 24 horas e não podemos adicionar-lhe mais 4 ou 5de lazer…), contentei-me com umas sessões recentes, ainda que caseiras, da sétima arte.
Reforço, mais uma vez, que não sou uma perita em cinematografia. Frequentemente, quando alguém sugere que um filme é bom ou uma obra-prima, o mais certo é eu não aplaudir, mas também sucede o inverso, isto é, insinuarem que o filme é básico/medíocre e eu acho o filme bom. É possível que isso aconteça justamente porque eu sou básica…

Water for Elephants (Água aos Elefantes), logo à partida um filme pouco conceituado e até desvalorizado. Basta Robert Pattinson carregar ainda o estigma da personagem da saga Crepúsculo, mas, apesar de não ser brilhante e eu não pertencer ao seu clube de admiradoras, conseguiu uma interpretação bastante satisfatória ao lado da já premiada Reese Witherspoon. Quanto a Christoph Waltz não necessita do meu reconhecimento, volta a ser o actor que tem o desempenho mais interessante. Não sendo um grande filme, comoveu-me, particularmente a elefanta, e manteve-me agradavelmente acordada…

Water

Horrible Bosses (Chefes Intragáveis), um argumento batido, mas pândego, um elenco delicioso, tanto a nível de actores sobejamente famosos como de actores menos conhecidos do público, e uma comédia que resulta bem. Não sou fã deste género de filmes, mas aconselho a verem, principalmente se estiverem desanimados com a vida. Comigo resultou, passei uns momentos muito divertidos… Quem é que nunca pensou em matar o boss (ou o professor)? Ninguém? Tão fingidos!…

HorribleBosses

Midnight in Paris (Meia-noite em Paris), de Woody Allen, é um delírio de imaginação, humor, música e diálogos e, como tal, eu gostei bastante. Gostei muito do desempenho de Owen Wilson. Em entrevista ao Hollywood Reporter, o cineasta referiu que o protagonista era um personagem mais sério no roteiro original e que teve que o reescrever adaptando-o a Owen. O resultado final foi muito bom, a personagem foi bem explorada e houve momentos em que Owen conseguiu mesmo “vestir” a personalidade de Woody Allen e transmitir algumas das suas particularidades (digo eu, que não percebo nada disto…). Claro que há sempre toda aquela complexidade, própria dos filmes (mais visível nos mais antigos) de Allen, que só ele, como actor, conseguia exteriorizar, mas Owen foi um substituto muito bom. “Viajando” para o passado, entre a Belle Époque e os loucos anos 20, o protagonista tenta esquecer o presente e fugir do futuro que não se prevê feliz nem promissor. Nestas “viagens”, que não passam de escolhas entre vidas diferentes, conhece celebridades que sempre venerou e habitavam a sua imaginação, como Hemingway, Scott Fitzgerald, Picasso, Dali, Toulouse-Lautrec, Luis Buñuel, Gertrude Stein, Degas, Matisse, T.S. Eliot, enfim, um mundo quimérico que eu adorei, não fosse eu uma sonhadora incurável por parte de tia e uma nostálgica por opção…A rever!

Midnight

The Illusionist (O Ilusionista) deu-me a ideia de ser um filme que dificilmente terá sido bem digerido por mentes superiores ou cinéfilos, mas como eu sou apenas uma amante ignorante de cinema, gostei do trabalho do realizador Neil Burger, que já tive oportunidade de apreciar em Limitless (Sem Limites). Não é um filme excepcional, não o vejo como cinema de autor, mas também não o considero um filme comercial nem tão-pouco um filme menor. Edward Norton (que achei extraordinário em Fight Club), no papel do ilusionista Eisenheim, tem uma actuação enigmática e sedutora que me faria cair-lhe aos pés (isto é a minha faceta de romântica sem emenda…). Onde começa a realidade e onde acaba a magia? Um bom filme, um verdadeiro jogo de ilusionismo, uma forma habilidosa de fazer cinema.

The_Illusionist

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Message in a bottle (58)

A lógica do sistema (por J.L. Pio Abreu in Destak)

O sistema financeiro que nos governa tem uma lógica implacável: a selecção dos fortes, que mais fortes ficarão, e a aniquilação dos fracos. O truque está nos juros que substituíram os dividendos da riqueza produzida. Os mais ricos (pessoas, famílias, empresas, Estados) podem pedir emprestado com juros baixos, frequentemente para emprestar com juros elevados. É tudo ganho. E a quem vão eles emprestar? – Aos mais fracos, que são esmagados pelos juros até à sua aniquilação. Sugado o pouco dinheiro que tinham, serão depois desapossados dos seus bens.
Este sistema foi imaginado por Milton Friedman e seus colegas de Chicago, e implementado por Ronald Reagan e Margaret Thatcher. O ideólogo de serviço era Friederich von Hayek, um filósofo-economista com formação biológica e psicológica que se baseou num apressado modelo darwiniano da evolução espontânea através da selecção natural competitiva. Por outras palavras, o seu modelo era a selva. Cego para a Declaração Universal dos Direitos Humanos e para a Justiça Social, von Hayek argumentava que a natureza também não era justa.
Mas ninguém pensou que a actividade predatória, comandada pelos CDSs (Credit Default Swap) e pelas agências de rating, atingisse as proporções actuais. A desconfiança e o salve-se quem puder acabaram por paralisar a Europa, onde apenas se pergunta quem será a próxima vítima. E já todos perceberam que têm de inverter a lógica do sistema. Afinal, na selva, nem os elefantes estão seguros.

sábado, 15 de outubro de 2011

Faz sentido...

Pensamos que repetimos correctamente os ditos populares, mas alguns não faziam sentido nenhum até ler estas dicas que me chegaram por e-mail.

Hoje é domingo pé de cachimbo... e ficávamos imaginando como seria um pé de cachimbo, quando o correcto é: HOJE É DOMINGO PEDE CACHIMBO... porque o domingo é um dia especial para relaxar e fumar um cachimbo ao invés do tradicional cigarro (para aqueles que fumam, naturalmente...).
Parece que tem bicho carpinteiro… uma grande dúvida na infância, um bicho pode ser carpinteiro? O correcto é: PARECE QUE TEM BICHO NO CORPO INTEIRO. Aqui está a resposta ao dilema de infância…
Cor de burro quando foge… Mas o burro muda de cor quando foge? O correcto é: CORRO DE BURRO QUANDO FOGE… Posso não entender, mas tem mais piada na forma errada…
Quem tem boca vai a Roma. Pensava eu que quem sabia comunicar ia a qualquer lugar! Mas o correcto é: QUEM TEM BOCA VAIA ROMA! (isso mesmo, do verbo vaiar).
Cuspido e escarrado. Dizemos isto quando achamos alguém muito parecido com outra pessoa. O correcto é: ESCULPIDO EM CARRARA (Carrara é um tipo de mármore…).
Mais um famoso... Quem não tem cão, caça com gato. Este também entendia, mas de forma errada. Se não tem cão para ajudar na caça, o gato ajuda! Tudo bem, o gato só faz o que quer, mas até podia estar de bom humor! O correcto é: QUEM NÃO TEM CÃO, CAÇA COMO GATO, ou seja, sozinho!...