domingo, 31 de maio de 2009

A minha petição on-line...

Chegam-me, por e-mail, as mais variadas petições.
Assino quase todas... desde que sejam para fazer justiça ou para tentar "consertar" algo que esteja errado, ou até, caso seja possível, para conseguir obter alguma coisa para proveito próprio...
Sou uma verdadeira papa petições...
Cada um é para o que nasce, "num" é?
Este domingo, metida em casa, surgiu-me a ideia de encabeçar uma petição on-line...
Este domingo, metida em casa, por motivos de força maior, surgiu-me a ideia de encabeçar uma petição on-line...
Este domingo, metida em casa, por motivos de força maior e com o calor que se faz sentir, surgiu-me a ideia de encabeçar uma petição on-line...
A ideia foi crescendo e era excelente mas depois de reflectir um pouco, cheguei à triste conclusão que nem com as eleições autárquicas, a poucos meses de se realizarem, eu teria a chance de ver o meu pedido atendido... até porque as adesões e assinaturas iriam ser muito poucas e não chegariam a quem de direito.
Tenho pena mas vou ter que desistir desta ideia fabulosa e refrescante, desta ideia de vir a ter uma praia artificial na minha rua...

Gran Torino, Gran(de) Clint

Sempre achei, sem saber bem a razão, que Clint Eastwood, nos seus verdes anos, era fisionomicamente parecido, com… Stan Laurel, sim, o Estica, sim, o Magro…
Sempre me lembro de Clint Eastwood em papéis de duro, em westerns, que por sinal nunca foram o género de filme da minha preferência, tirando meia dúzia deles que eu “amei” de verdade, como Aconteceu no Oeste; O bom, o mau e o vilão; Por um punhado de dólares; Imperdoável; Os sete magníficos; Silverado.

Depois de ver Gran Torino confirma-se a ideia que já tinha de Eastwood.
Quanto mais velho, melhor actor se vai tornando…
Clint não perdeu o domínio das emoções e a frieza que eu recordo de Dirty Harry…
Gran Torino. Pontuação máxima.
Um Gran(de) actor.
Um Gran(de) filme.

Let's look at the trailer (11)

Gran Torino. Imperdoável não ver. Muito bom.

Ataque ao Post(e)...

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Memórias e Afectos (25)

Não consigo precisar com exactidão a data.
O meu irmão Z. já tinha ultrapassado os vinte anos e eu talvez frequentasse a 3ª classe, ou seja, em 1965, ou seja, há uma catrefada de anos…
Por essa ocasião o meu irmão teve um traumatismo craniano devido a uma queda (ele sempre teve queda para muitas coisas…) na piscina da Praia das Maçãs.
Esteve hospitalizado alguns dias, em S. José, e recebeu alta hospitalar prometendo que iria ter repouso absoluto.
Quem o conhece, sabe como é difícil ele estar em repouso absoluto…
Foi um verdadeiro castigo estar deitado, sem mexer uma palha, durante algumas semanas.
E foi neste estado de coisas que começaram a aparecer umas pastilhas elásticas, compridas e fininhas, embrulhadas em papel de alumínio. Por cada pastilha comprada recebíamos dois ou três cromos… e como gostávamos de coleccionar cromos, iniciámos assim essa colecção.
Desta forma, o meu maninho aproveitava o tempo, riscando nas nossas listas os números que nos iam saindo e colava-os nas cadernetas.
Apesar de trocarmos cromos, o número de pastilhas elásticas aumentava de dia para dia…Tínhamos sacos cheios de pastilhas, um número exorbitante de pastilhas… que eu fiz o favor de ir distribuindo pela malta da escola e pelos miúdos com quem brincava na rua…
Graças a essas pastilhas elásticas fizemos duas cadernetas completas…
Não sei se ele ainda tem a dele mas eu ainda conservo a minha…

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A árvore genealógica...

... das minhas filhas

Tendo em conta que eu sou a de casaquinho verde, ao centro, o meu irmão é o do cabelinho grisalho à minha esquerda.
O tio Z. de risca ao meio?? Lindo!!...

Coisas do arco-da-velha... (3)

Este episódio burlesco já se passou há uns anos e foi contado pela M.H.

Em frente ao Parque D. Carlos, na Rua Camões (penso eu de que…), nas Caldas da Rainha, quase a chegar ao Largo do Hospital Termal, existiu um estabelecimento que vendia as famosas faianças de Bordalo Pinheiro.
Esta loja era igual a tantas outras que por lá ainda existem. Bem, igual, igual, não seria… Além de uma fachada imponente, com uma porta alta e larga adequada à frontaria, tinha uma particularidade, aliás, tinha duas particularidades… uma velhota surda e já um pouco senil, mãe da dona da loja, e um gato preto que por ali deambulava.
A M.H., dona do estabelecimento, era amiga de longa data da minha mãe e das minhas tias e acontecia, com frequência, irmos visitá-la sempre que íamos ou estávamos nas Caldas.
A mãe dela, a tal velhota surda e já um pouco senil, costumava sentar-se, a maioria das vezes, numa cadeira junto à porta, para apanhar sol. O gato fazia o mesmo, numa outra cadeira ali colocada propositadamente para ele.
No prédio ao lado instalou-se um gabinete de estudos e projectos de arquitectura e engenharia (se eu estiver a escrever um disparate, corrijam-me…), com o nome de G.A.T. (Gabinete de Apoio Técnico).
A vida na loja decorria de uma forma pacata até que o gato, vá-se lá saber como e porquê, desapareceu durante uns dias… talvez por estar farto da vida demasiado pacata… e a velhota surda e já um pouco senil só pensava nos motivos que teriam levado o gato a fugir…
Foi precisamente num desses dias (de folga do gato…) que apareceram, na loja, dois senhores a perguntar onde se situava o G.A.T. (a placa com o nome era pequena e encontrava-se num sítio de pouca visibilidade).
O fim da história parece previsível…
Os senhores dirigiram-se à velhota, a tal velhota surda e já um pouco senil, que estava sentadinha junto à porta, e um deles perguntou:
- Sabe dizer-nos onde fica o GAT?
A idosa senhora, surda e já um pouco senil, levantou-se devagarinho, fez-lhes sinal para que a seguissem até ao fundo da loja e, apontando para um buraco que ali havia, respondeu:
- Estão a ver aquele buraco? Foi de certeza por ali que ele fugiu…

quarta-feira, 27 de maio de 2009

terça-feira, 26 de maio de 2009

Geração Y

- The Silent generation, people born before 1946

- The Baby Boomers, people born between 1946 and 1959

- Generation X, people born between 1960 and 1979

- Generation Y, people born between 1980 and 1995

Por que motivo chamamos, a esta última, Geração Y?
Eu não sabia mas houve um cartoonista que deu uma explicação convincente…

Message in a bottle (16)

(por Miguel Esteves Cardoso)

Só quando os homens chegam a uma certa idade é que podem dizer com certeza que as mulheres são melhores do que eles em tudo – mesmo na bola, a carregar pianos, a lutar com jacarés ou nas outras coisas em que ganhávamos quando éramos mais novos e brutos e fortes.
Quando se é adolescente, desconfia-se que elas são melhores.
Nos vintes, fica-se com a certeza.
Nos trintas, aprende-se a disfarçar.
Nos quarentas, ganha-se juízo e desiste-se.
Nos cinquentas, começa-se a dar graças a Deus que seja assim.
Os homens que discordam são os que não foram capazes de aprender com as mulheres (por exemplo, a serem homenzinhos), por medo, vaidade ou estupidez.
Geralmente as três coisas.
Desde pequenino, habituei-me que havia sempre pelo menos uma mulher melhor do que eu.
As mulheres são melhores e estão fartas de sabê-lo.
Mas, como os gatos, sabem que ganham em esconder a superioridade.
Os desgraçados dos cães, tal como os homens, são tão inseguros e sedentos de aprovação que se deixam treinar.
Resultado: fartam-se de trabalhar e de fazer figuras tristes, nas casas e nas caças e nos circos.
Os gatos, sendo muito mais inteligentes, acrobatas e jeitosos, sabem muito bem que o exibicionismo desnecessário leva à escravatura vil.
É a verdade. E é bonita.

sábado, 23 de maio de 2009

Gosto...e não se fala mais nisso! (11)

Os desenhos encantadores que mostram o talento e a imaginação de
Beatrix Potter.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

A "avó" dos blogues

A galega María Amelia López, conhecida internacionalmente por ser a "avó" dos blogues, faleceu aos 97 anos, em Muxía, na Corunha, confirmaram hoje fontes da Câmara daquela localidade.
A idosa tornou-se famosa com o blogue "Aos meus 95 anos", que inaugurou no dia em que completou essa idade, a 23 de Dezembro de 2006.
O blogue foi criado e oferecido pelo neto como prenda de aniversário, tendo recebido há dois anos o prémio "O Melhor dos Blogues" em Língua Espanhola, da cadeia de televisão internacional alemã Deutsche Welle.
No "Aos meus 95 anos", María Amelia López relatava as suas vivências, uma forma de quebrar o isolamento, já que, conforme admitiu, "tinha a moral caída" devido à morte de todas as suas amigas.
Numa entrevista à agência noticiosa espanhola EFE, a galega reconheceu que era "adepta da Internet".
"A Internet entusiasmou-me, abriu-me uma janela para o mundo na qual posso aprender muitas coisas", frisou, mostrando-se comovida por as pessoas lhe escreverem desde todos os pontos do mundo.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Acontece...

Em Lisboa

Os jardins do Museu da Cidade, no Campo Grande, em Lisboa, vão ganhar vida nova e moradores inesperados.
Da concepção de Joana Vasconcelos, artista plástica portuguesa contemporânea, o jardim será povoado por bichos famosos, os bichos de Bordalo Pinheiro.
Caracóis, tartarugas, vespas, caranguejos, cobras, sardões, sapos e andorinhas, em cerâmica, recuperados com o apoio da Fábrica de Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro, vão permitir recriar o imaginário lúdico próprio de um dos grandes artistas portugueses.


Em Paris

“À la mode de chez nous” é a exposição que junta, no Centro Cultural Calouste Gulbenkian de Paris, o trabalho de Júlio Pomar e Joana Vasconcelos em torno da obra de Rafael Bordalo Pinheiro.
Na exposição, que estará patente até 12 de Junho, Joana Vasconcelos reconstitui uma selecção de animais que considera "poderosos" ou "ameaçadores" e reveste-os em crochet.




Memórias e Afectos (24)

Década de sessenta…
Sr. Faria…
Farmacêutico
Farmácia Rosa
R. Fonte do Pinheiro, talvez 6-A
Caldas da Rainha

Eu era uma garota mas lembro-me muito bem dele…
O senhor Faria farmacêutico tinha sempre um sorriso…
E quando ria, riam também os olhos…
Nesta fase da minha vida, não tinha por costume frequentar farmácias.
As crianças nunca foram nem são clientes destes estabelecimentos, nem serão nunca, felizmente, o público-alvo de campanhas de medicamentos…
Sempre que chegávamos às Caldas da Rainha, depois do meu pai estacionar o carrito, era hábito, antes de subir ao primeiro andar do n.º 6, cumprimentar o senhor Faria, que nos recebia sempre com um enorme sorriso…
Ao fim de muitos anos, quis o acaso que eu conhecesse o amigo Z.V., que por feliz coincidência (se é que as coincidências existem…) conhece o senhor Faria, agora com 84 anos.
Falou-lhe do meu avô R.
Recordava-se muito bem dele.
Fiquei muito feliz quando o Z.V. me presenteou, via e-mail, com esta foto deliciosa do senhor Faria e esposa…
A mesma cara, o mesmo olhar, quarenta anos depois…
Pena que não esteja a sorrir…
Julgo que, em toda a minha vida, não voltei a cruzar-me com alguém que risse tanto só com o olhar…
Para o senhor Faria, um grande abraço cheio de afecto…
As memórias, essas, continuam bem presentes…

Educação global…

…com 40 anos de intervalo

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Interessante, mas não espectacular...

"Titanic - The Artifact Exhibition"
Espaço Rossio


Tinha dito que iria a qualquer preço e estas determinações, por vezes, pagam-se caras.
Demasiado caro…
Inacessível para algumas bolsas, como a minha, mas eu estava determinada a fazer a visita e nada me demoveria… Sempre existiu alguma coisa que me liga à história deste barco, uma atracção inexplicável, sei lá, uma razão que a própria razão desconhece…
Treze euros por bilhete, comprado na bilheteira da exposição (na Net são menos 50 cêntimos).
Comprei o bilhetinho que, pelo preço, só poderia ser de 1ª classe… e tive essa confirmação quando a menina da bilheteira me entregou uma réplica de um dos bilhetes que davam acesso, em 1912, a embarcar no maior objecto móvel do mundo. Ao entregar-me o bilhete, explicou-me que no verso estava o nome de um dos passageiros que teria embarcado na trágica viagem e que no final da exposição poderia consultar a lista de passageiros e saber se teria sido um dos sobreviventes ou se, pelo contrário, teria perecido na fatídica noite.

“Embarquei” enquanto virava o bilhete e tomava conhecimento do “meu” nome…
Soube prontamente que não seria necessário consultar a tal lista para saber se o “meu eu” teria ou não sobrevivido. Soube, naquele momento, que “eu” tinha sido um dos sobreviventes… assim, já o preço que paguei pelo bilhete tinha justificação… Para além de sobrevivente, tinha feito a “minha” curta viagem num camarote de 1ª classe…
Foi com entusiasmo que iniciei a visita mas a experiência não conseguiu superar as minhas expectativas porque estas eram demasiado elevadas…
Senti alguma emoção ao ver os objectos recuperados com grande esforço da área do naufrágio. É também verdade que me senti perturbada ao ver objectos pessoais de alguns passageiros que fizeram a viagem inaugural no maior e mais luxuoso navio da época.
No entanto, o que me deu maior prazer não foi a visão dos objectos, foi poder empregar os meus sentidos do tacto e do olfacto…
Toquei e acariciei um pedaço do casco, pensando, comovida, que tinha feito parte do palácio flutuante… e fiquei surpreendida por conseguir sentir as fragrâncias, contidas nuns pequenos frasquinhos de perfume, ao fim de 97 anos… Extraordinário!

A história do Titanic, desde a concepção até ao seu funesto final, assim como frases e biografias de alguns passageiros, apresentados ao longo da exposição, são, de facto episódios importantes que devem ser contados. No que me diz respeito, não me transmitiram nada de novo… minto, existia uma falha imperdoável nos meus conhecimentos sobre o Titanic, obtidos ao longo do tempo… a existência de três portugueses (madeirenses) na lista original de passageiros de 3ª classe que terão morrido no naufrágio…
Enfim, a minha opinião final define a exposição como interessante mas não espectacular…
O “meu eu” sobrevivente… salva-vidas n.º 6, mulher, determinada e decidida.
Talvez tenha sido a determinação dela que me fez ir até ao Espaço Rossio, decidida a ver a exposição a qualquer preço…

The Unsinkable “Molly” Brown

Livros e Mar: eis o meu elemento! (11)

Alice é obrigada pelo pai a frequentar um curso de esqui para ser forte e competitiva, mas um acidente terrível deixará marcas no seu corpo para sempre. Mattia é um menino muito inteligente cuja irmã gémea é deficiente. Quando são convidados para uma festa de anos, ele deixa-a sozinha num banco de jardim e nunca mais torna a vê-la. Estes dois episódios irreversíveis marcarão a vida de ambos para sempre. Quando estes "números primos" se encontram são como gémeos, que partilham uma dor muda que mais ninguém pode compreender. Ganhou o prémio Stregga e a menção honrosa do Campiello, os dois prémios literários mais importantes de Itália, e está a ser traduzido em mais de 20 países.


«...um dos núcleos narrativos principais de A Solidão dos Números Primos é a adolescência, tempo de experimentação e traumas, de descobertas e rituais cruéis, de euforias e desilusões.»José Mário Silva, Revista LER

"Picasso das ruas"

A partir de hoje, o Largo Camões, em Lisboa, transforma-se num atelier de arte tridimensional.
Julian Beever aceitou o convite da Pepsi e vai estar rodeado de giz e de pessoas a ilustrar o chão. Até sábado o artista terá o trabalho concluído.
O resultado ficará exposto até ao dia seguinte.

sábado, 16 de maio de 2009

O que (agora) me satisfazia completamente…(5)

Partir para um safari fotográfico pela selva africana...

Memórias e Afectos (23)

Se, na minha infância, ouvi falar da Fábrica de Faianças Rafael Bordalo Pinheiro e da famosa cerâmica das Caldas da Rainha, não me recordo.
Recordo que foi na adolescência que tomei conhecimento da sua existência e devo dizer que as primeiras impressões não foram nada favoráveis…
Os adjectivos foleiro e piroso, no meu ponto de vista de adolescente, caracterizavam na perfeição a loiça “hortaliça” e saloia que eu nunca na vida me atreveria a comprar ou a usar para não comprometer a minha reputação de miúda moderna…no início dos anos 70. Também as rãs, lagartos e gafanhotos que decoravam algumas peças, não eram do meu agrado, achava tudo simplesmente repugnante.
Só mais tarde alcancei o dom de apreciar as formas, a perfeição, o requinte, o brilho, enfim, a beleza única de cada uma das peças, todas elas pequenas obras de arte…










Como referi no último post desta categoria, o meu “avôzinho” R. foi aprendiz de Bordalo Pinheiro no começo do século XX.
O meu avô tinha uma veia artística que, infelizmente, não herdei.
Desenhador, pintor e ceramista foram alguns dos atributos que lhe conheci, além de tocar bandolim e ser um grande contador de histórias…
Embora as suas peças de cerâmica não tivessem o estilo e as características próprias de Bordalo, eram e são peças únicas que, por felicidade, se encontram na posse de familiares.
Pedi ao J. para me enviar uma foto de um prato feito pelo avô R. que lembro desde pirralha. Nele está representada a Lenda da Nazaré.
Segundo a Lenda da Nazaré, D. Fuas Roupinho, alcaide do castelo de Porto de Mós, caçava nas suas terras do litoral quando avistou um veado e o começou a perseguir. De súbito, ficou tudo encoberto por um denso nevoeiro que se levantava do mar. O veado (na versão popular, uma materialização do demónio) dirigiu-se para uma falésia. Quando o cavaleiro se deu conta de estar no topo da falésia, à beira do precipício, em perigo de morte, reconheceu o local. Estava mesmo ao lado de uma gruta na qual se venerava uma imagem de nossa Senhora com o Menino e então rogou, num grito desesperado, à Virgem Maria:
Senhora, Valei-me!
Imediata e milagrosamente o cavalo estacou fincando as patas no pico rochoso suspenso sobre o vazio, salvando-se assim o cavaleiro e a sua montada de morte certa, enquanto o veado se precipitava para o Oceano, muitos metros abaixo.


É um prato muito especial, carregado de história, sentimentos, sensações e emoções.
Na minha mente consigo visualizar o meu avô a moldá-lo, a dar-lhe forma, com movimentos precisos. Consigo imaginar o meu avô a pintá-lo, a dar-lhe os retoques finais e a olhá-lo com a mesma ternura que se olha um filho acabado de nascer…
Não há duas impressões digitais iguais porque cada ser humano é único, tal e qual como este prato…
Único!...

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A minha onda (9)

Ainda guardo os bilhetes dos concertos no velho estádio de Alvalade.
O concerto do Sting foi um deles...

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Comic Version of...

The Shining
de Stanley Kubrick

I am a CAT and...

...I will sleep where I like...

Reservado à Indignação (10)

Andando eu muito saudosista, o passeio a Alvorninha no dia 4 de Abril alimentou em mim o desejo de saber mais sobre o burgo e sede de freguesia, que viu nascer o meu avô R. e os meus tios, irmãos da minha mãe, a única de cinco filhos que nasceu nas Caldas da Rainha.
Perguntei, por e-mail, à Junta de Freguesia se existiriam antigos registos fotográficos e onde poderia arranjá-los. Responderam-me, educadamente, que existia um livro com algumas fotos e que poderia consultar o único exemplar na sede da junta.
Não importa como, mas a verdade é que consegui arranjar o livro sobre Alvorninha, uma edição da Junta de Freguesia, datado de 1989.
Ansiosa por informação, comecei a lê-lo do início. A situação geográfica, a história, a toponímia e os edifícios notáveis, deliciando-me com a descrição pormenorizada do solar da Quinta de S. Gonçalo (a minha mãe ainda hoje fala desta casa e dos momentos agradáveis passados na companhia de uma das últimas proprietárias).
So far so good…
Quando, na página 35, deparei com as personalidades ilustres do passado e do presente, admito que tive a esperança, fundamentada, de ver naquelas páginas o nome do meu avô R.
Personalidades ilustres!...
Pesquisando estas duas palavras, para me certificar dos seus significados, pois poderia estar equivocada, concluí que para ser uma personalidade ilustre teria que reunir alguns requisitos, condição sine qua non da celebridade perfeita…
Uma personalidade é qualquer indivíduo que goza de certo prestígio pessoal, moral ou social, uma pessoa que se distingue pelos seus méritos. Se for uma personalidade ilustre terá ainda que possuir qualidades notáveis e distinguir-se, igualmente, pelo seu saber ou pelos seus feitos… Ok, achei que o meu avô satisfazia algumas destas condições! Mas foi um erro crasso… Na lista de personalidades ilustres, nem a mais pequena alusão ao seu nome…Li-os todos e fiquei de boca aberta. Ainda hoje não a fechei (até tenho receio que entre mosca…ou saia algum impropério menos próprio de uma lady…). Instintivamente, comecei a azedar!
Quase todos os ilustres eram doutores ou engenheiros. Não que eu tenha algo contra as formações, licenciaturas, mestrados ou doutoramentos, assim como não tenho nada contra as personalidades que constavam entre os notáveis ilustres. Apenas me parece um pouco pretensioso… para além de não ser uma das qualidades requeridas a uma qualquer ilustre personalidade…
Dessa lista de ilustres, quantos nasceram, de facto, na sede da freguesia, no lugar de Alvorninha propriamente dito? Dois ou três…
Alguns destes notáveis (filhos de naturais de Alvorninha), com quem tive o privilégio e a honra de brincar, nem na freguesia nasceram e nada fizeram pela terra que não os viu nascer, mas não os culpabilizo nem merecem menos consideração por fazerem parte das “celebridades locais”.
Continuei a ler o livro, apesar da irritação crescente e do meu entusiasmo inicial ter afrouxado…
Entreguei-me às belezas da paisagem pelo roteiro da freguesia, “passando” pela então chamada Estrada-Real que liga Alvorninha à Trabalhia.
Li, na diagonal, o cancioneiro popular e a cultura musical da freguesia e, mais atentamente, alguns recortes, retirados da “Gazeta das Caldas”, sobre as necessidades mais urgentes e a instrução no final da década de vinte. E li mais atentamente porque nesses anos distantes, os meus avós e os filhos viviam na Quinta de S. Mateus, em Alvorninha e senti curiosidade de conhecer as dificuldades e proveitos que existiam nessa época. É habitual dizer-se que “a curiosidade matou o gato”… Neste caso, sendo eu a curiosa, posso afirmar, com conhecimento de causa, que a curiosidade não mata mas mói…
As necessidades indispensáveis e urgentes passavam pela modernização das vias de comunicação, ligações telefónicas e construção de escolas, entre outras. Na página 110 do referido livro podia ler-se textualmente a seguinte frase “Há apenas uma escola em Alvorninha” (ano de 1927). Pensei que era desta que iriam mencionar o nome do meu avô mas enganei-me novamente…
O nome dele apareceu, finalmente, na página seguinte…
A minha alegria, porém, murchou de imediato pois o nome aparecia meramente associado ao facto de, como ajudante do registo civil, ter redigido um escrito importante para a freguesia.
O meu mau humor cresceu, fiquei possessa e foi com neste estado de espírito que continuei e acabei a leitura.
Calculo que a recolha de dados para a edição de um livro, sobre o historial de uma freguesia, não seja tarefa fácil.
Calculo que a recolha de apontamentos e sua compilação terá levado anos até que a edição fosse possível.
Não posso deixar de elogiar o empenhamento de todos os colaboradores.
No entanto, julgo ter havido uma omissão.
Não sei quem foram os responsáveis por esse esquecimento…nem tão-pouco se esse esquecimento foi propositado ou não, mas faço questão de, fazendo jus ao apelido Leal, ser fiel à verdade e enviar um e-mail para a junta de freguesia, manifestando a minha indignação pelo facto de o meu avô não constar dos “distintos” da terra…
O meu avô R., natural de Alvorninha e amigo do médico da terra, o doutor J.L. (também esquecido na lista das personalidades ilustres) teve uma botica, inicialmente instalada na Quinta de S. Mateus, residência da família, que passou, mais tarde, para a rua que fica em frente à igreja matriz.
Os mais pobres e humildes, que não tinham dinheiro para pagar os medicamentos, sabiam que podiam pagar aos poucos ou com mão-de-obra agrícola na quinta. Muitos nem chegavam a pagar…
Quantas vezes saiu de casa de madrugada para atender pedidos de mães aflitas com filhos doentes…
Quantas vezes atendeu pedidos de ajuda de familiares de ébrios e lhes aturou as bebedeiras? … Tantas que ficou com uma aversão a bêbados…
Alvorninha tem uma escola? Foi o meu avô que ofereceu o terreno!!...
Será possível que ninguém se tenha lembrado disto?
Será possível que nem uma alminha caridosa se tenha lembrado deste benemérito?
Talvez tivesse sido boa ideia os colaboradores do livro terem feito uma recolha de nomes nas lápides do cemitério… e questionassem a população sobre eles. Talvez houvesse pelo menos um habitante que se recordasse do meu avô…
Lamento profundamente que as pessoas tenham a memória curta…
Julgo, correndo o risco de parecer ou ser pretensiosa, que era legítimo o meu avô estar entre as personalidades do passado…
E, já agora, seguindo a coerência da lista de ilustres, e correndo novamente o risco de parecer ou ser presunçosa, também os meus primos, filhos de uma natural de Alvorninha, deveriam constar dela… Seria moralmente correcto!
Ora vejamos… uma professora do secundário, um engenheiro e um arquitecto?
Aprovados!...

domingo, 10 de maio de 2009

Let's look at the trailer (10)

Envolvente,delicioso,"mujeres" de espírito forte, excelente fotografia.

Livros e Mar: eis o meu elemento! (10)

Ao regressar da escola um dia, Bruno constata que as suas coisas estão a ser empacotadas. O seu pai tinha sido promovido no trabalho e toda a família tem de deixar a luxuosa casa onde vivia e mudar-se para outra cidade, onde Bruno não encontra ninguém com quem brincar nem nada para fazer. Pior do que isso, a nova casa é delimitada por uma vedação de arame que se estende a perder de vista e que o isola das pessoas que ele consegue ver, através da janela, do outro lado da vedação, as quais, curiosamente, usam todas um pijama às riscas.Como Bruno adora fazer explorações, certo dia, desobedecendo às ordens expressas do pai, resolve investigar até onde vai a vedação. É então que encontra um rapazinho mais ou menos da sua idade, vestido com o pijama às riscas que ele já tinha observado, e que em breve se torna o seu melhor amigo…

sábado, 9 de maio de 2009

Festa Brava

Assim até valia a pena ir a uma tourada!...
Assim sim, é Festa Brava…
A inauguração da temporada da Praça de Touros do Campo Pequeno, em Lisboa, foi marcada pela “alternativa” do Gavião, um touro de 576 quilos…
António Ribeiro Telles cravara o primeiro ferro da noite quando o touro o colheu, melhor, colheu o desgraçado do cavalo, levantou-o e este acabou por cair levando atrás o cavaleiro. Felizmente o cavalo, que não teve “alternativa” e estava ali por arrasto, saiu ileso.
Eu também só arrastada, empurrada e à força iria a uma Praça de Touros…
O Gavião, não satisfeito com a desforra, tentou a proeza de “voar” sobre a barreira e conseguiu fazê-lo à segunda tentativa, levando as bancadas ao rubro.
Ah…grande Gavião!
Este foi o momento alto da noite, com o touro a dar alguma dignidade à festa…
Que me desculpem os aficionados mas sinto sempre uma satisfaçãozinha (talvez seja do signo…) quando o touro vai à luta e se consegue vingar…
Os forcados são os únicos a merecer, da minha parte, alguma consideração, pois de mãos nuas encaram o “protagonista” da festa.
Por mais que me tentem impingir a ideia de que os touros bravos são criados apenas para as touradas, continuarei convicta de que as corridas de touros são “divertimentos” bárbaros, e na minha opinião firme penso que é uma forma ignóbil e vergonhosa de tratar um animal. Assim sendo, não consigo encontrar neste espectáculo qualquer tipo de beleza.
Pelos direitos dos animais, sempre!
Tivesse o Gavião menos cem quilitos e teria feito um “voo” picado sobre a Praça…

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Victoire!












La Capitulation du III REICH
Les plénipotentiaires allemands signent la capitulation qui marque la fin des hostilités dans la nuit du 7 au 8 mai.



La même scène se répète à Berlin le lendemain à la demande des Soviétiques.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Memórias e Afectos (22)

5ª e última Parte (escrita, entre outros afazeres, nos intervalos de uns exercícios de Física, um teste de geografia, outro de matemática e algumas dúvidas sobre as placas litosféricas…)
Abril de 2009
Deixámos Alvorninha mas, fica desde já assente que no próximo “Reservado à Indignação”, vou indignar-me com algumas coisitas de lá…
Deixámos Alvorninha pela estrada que nos levaria às Caldas da Rainha.
Passámos à Trabalhia, localidade que faz parte das minhas memórias de infância, antes mesmo de ir para a escola primária. O meu pai trabalhava numa companhia de seguros e sempre que falava no “trabalho” dele na “companhia”, não sei que associação eu fazia (talvez a junção das duas palavras, sei lá…) que me levava a pensar que ele trabalhava na Trabalhia… E não me limitava a pensá-lo, dizia-o…e isso, claro, era alvo de chacota por parte de toda a família, principalmente do mano J.C.
Entrámos finalmente nas Caldas da Rainha!
Evidentemente que eu tinha planeado este passeio e levava um post it com os meus locais de interesse.
O meu circuito não era turístico nem tinha por objectivo fazer uma visita ao património histórico ou cultural das Caldas da Rainha. O meu circuito e os meus locais de interesse a visitar eram, praticamente todos, pontos e referências de recordações, de memórias e afectos…
Descendo a Rua Diário de Notícias que termina junto à Praça da Fruta, pedi ao meu irmão para entrar na Mata das Caldas.Tantas lembranças boas que tenho da Mata Rainha D. Leonor…quando, nos anos 60, se fazia ali a Feira do 15 de Agosto, à qual eu nunca faltava. Nesses dias, de festa e feira na cidade, havia sempre uma multidão que, à noite, se encaminhava para a Mata por qualquer um dos acessos. De facto, era à noite que a feira tinha o seu encanto, a sua magia e o seu mistério nos caminhos mal iluminados e de terra batida que levavam ao recinto, nas sombras dos plátanos, nos recantos escuros, enfim, na obscuridade da noite…
A Mata, plácida e muda, acordava do seu repouso para se encher de vida, alegria, animação, cor e emoções sem fim. E que emoções…carrosséis, circo, barraquinhas dos tiros, carrinhos de choque, a roda gigante, o comboio fantasma, a casa dos espelhos com os seus labirintos, que prometia gargalhada certa…
Os comes e bebes, as tendas e os feirantes com bugigangas, loiças, barros, plásticos, botas e sapatos, mantas e cobertores, samarras, chapéus, rifas para as panelas…e um nunca mais acabar de quinquilharia e chinesices…
A bruxa que lia a sina e o algodão doce também nunca falhavam no recinto da feira mas aquilo que sempre me fascinou, uma atracção famosa nesse tempo, foi o Poço da Morte…talvez porque a perícia dos aventureiros me fazia sentir insignificante, talvez por pensar que desafiar a morte era completamente descabido, talvez porque o nome me dava arrepios…
Tal como “depois da tempestade vem a bonança”, acabados estes dias de feira, a Mata adormecia novamente e tudo voltava a ser silêncio e quietude…
Era esse silêncio e essa serenidade que levavam o meu pai a sentar-se nas bancadas do Caldas Sport Clube, a ler um livro, enquanto eu vagueava pelo meio das árvores segura de que nada de mal me poderia acontecer…
Saímos da Mata e fomos estacionar os carros junto à estação dos caminhos-de-ferro. Dali, seguimos a pé em direcção à Rua Fonte do Pinheiro, tentando eu explicar onde, nos anos 60, se localizavam os bombeiros e a casa do meu avô R. Na Rua Miguel Bombarda, procurei, em vão, a casa onde morou a minha madrinha. Era uma casa cor-de-rosa só de rés-do-chão esquerdo e direito e umas águas furtadas. No seu lugar encontra-se agora um prédio de dois andares que não me chocou muito, embora não tenha, em termos arquitectónicos, a beleza que ainda se consegue encontrar em muitos prédios nas Caldas, ricos e conhecidos pelo seu estilo art noveau e pelos seus azulejos. Lindos!!... Já na Rua Heróis da Grande Guerra, fiquei encantada com a Loja 107. Condicionada pelas horas, não tive oportunidade de desfrutar de tudo o que esse espaço tem, sem dúvida, para oferecer. Entrei, dei uma vista de olhos rápida demais para os meus gostos literários e saí, mas tive o privilégio de ter uma visão deliciosa, uma gatinha, a Florbela (não sei o apelido, mas certamente será Espanca…), a passear-se por entre os livros… Para quem, como eu, é apaixonado por livros e gatos, ali estava uma harmonia perfeita…
Espero voltar mas com tempo.
Outro dos locais que fazia parte do meu circuito e que, curiosamente, continua bem vivo nas minhas lembranças, era a Pensão 1º de Maio. Era nesta pensão que, nos anos 60, almoçávamos ou jantávamos, várias vezes, durante as férias de Verão. Também era hábito levar o comer para casa, em marmitas de três andares, hoje em dia completamente ultrapassadas pelos tupperwares.
Estas recordações foram abaladas assim que avistei o estado deplorável e triste da “pensão dos meus sonhos”… Deprimente!
Esta pensão, antes tão cheia de vida e de vidas, não resistiu à passagem do tempo e vê-la assim tão desprezada fez-me pena pois foi como se uma pequena parte do meu passado se tivesse esboroado… mas vou tentar continuar a lembrá-la como era nos seus bons e velhos tempos.
Descemos em direcção ao Parque D. Carlos e, como já tive ocasião de o dizer num dos posts, o que sempre me atraiu aqui, vá-se lá saber a razão, foram os cadeirões vermelhos de madeira, junto ao coreto.
Fizeram bem em acorrentá-los porque eu era bem capaz de levar um para casa… Se ainda houvesse cadeirões destes à venda, eu compraria um… adoro-os!
O Parque sempre foi lindo e continua lindo e bem cuidado, mas os Pavilhões encontram-se num estado de abandono e pareceu-me que, actualmente, só servem de abrigo aos pombos.
Mas as minhas boas recordações do Parque não se ficam pelos cadeirões vermelhos, também o parque infantil me traz à memória os belos momentos em que ali brinquei, no tempo em que os baloiços eram diversificados e bonitos e variavam de parque para parque. Também ali existiu um recinto onde alugavam bicicletas à hora e foi aí que aprendi e passei horas a pedalar…
Apesar de não constar dos meus locais a visitar, fomos à loja da Fábrica de Faianças Rafael Bordalo Pinheiro, que assinalou o seu centenário em 2008. Felizmente que “deitaram a mão” a esta referência na história da cerâmica e do património cultural, principalmente porque o meu “avôzinho” R., discípulo de Bordalo Pinheiro, não ia gostar nada de assistir ao desmoronar desta fábrica…
O meu próximo ponto de interesse foi o Café Central, onde passei tantas tardes com o meu avô enquanto ele lia o jornal. O café foi remodelado mas, se não estou errada, a porta mantém-se inalterada. Já não tem o mesmo fascínio que eu lhe encontrava na minha infância, mas continua a ostentar na mesma parede o painel de Júlio Pomar, datado de 1955, e isso, para mim, é o bastante para me fazer recuar no tempo…
Foi aqui que lanchámos. Eu sei que os tempos são outros, tão distantes dos que eu guardo nas minhas lembranças. Eu sei que o progresso é incontornável. O lanche, por melhor que fosse, deixou-me um sabor a lágrimas… Sei que o pior bolo comido ao lado do meu avô me teria sabido pela vida… e sei-o porque, como diz uma melodia de Beautiful World , “I know because my heart tells me so”…
Fui numa corrida fotografar o prédio onde nasceu a minha mãe. É curioso verificar que, quase com noventa anos, ainda se mantém de pé e recuperado, e isso deixou-me orgulhosa dele, tão resistente como aquela que ele viu nascer há oitenta e oito anos. Espero que o conservem sempre assim. Estupidamente seguimos pela rua das montras, embora o meu percurso sentimental não fosse esse. Deveria ter seguido pelo Café Bocage, outro dos locais também frequentado pelo meu avô, que fica no topo da Praça da Fruta, à esquerda, quase fronteiro à Ermida de São Sebastião. Esta igreja, ao contrário de tantos outros lugares, não me deixou boas recordações pois foi aí o velório do meu avô e o reiniciar da caminhada sem ele… nunca mais as coisas foram iguais, nunca mais as pessoas foram as mesmas…
Na verdade, o Café Bocage não está esquecido e ficará, assim como outras memórias, para a próxima visita.
A última paragem foi nos “Capristanos” ou nos “Claras”, uma central de camionagem inaugurada em Janeiro de 1949, agora com o nome banal de Rodoviária do Tejo. Segundo um relato que li no Jornal do Oeste, “mais do que uma central de camionagem, foi o primeiro centro comercial das Caldas da Rainha, composto por escritórios, restaurante, café, sala de espera, bilheteiras, tabacaria, barbearia e vitrinas iluminadas que serviam de montra às principais lojas das Caldas, que ali expunham os seus produtos”. E é verdade, eu sou testemunha disso… Foi nesta central, nos saudosos anos 60, que eu manifestei pela primeira vez a vontade de partir à aventura. Todos doidos à minha procura e eu sentada numa camioneta que ia para a Nazaré… Fui apanhada e o meu espírito aventureiro esmoreceu, claro! As minhas lembranças desta central e do café foram traídas assim que olhei a porta giratória. Esta, outrora de metal reluzente, não escapou ao progresso e deixaram-na completamente descaracterizada… Já não é a porta que fazia parte da minha imaginação, não é a mesma porta onde eu “girei” centenas de vezes…

Já na recta final do percurso “Reviver o passado”, ainda tive oportunidade de conhecer o amigo Z.V., autor do Blog “Águas Mornas”, que me aturou os saudosismos e alimentou a nostalgia durante as semanas que precederam este passeio às Caldas da Rainha. Achei-o uma pessoa extraordinária… Aqui fica um pedido de desculpas pelo facto de não o ter contactado após o passeio, agradecendo a amabilidade e a disponibilidade que revelou.
Deste passeio ficou a vontade de voltar brevemente.
Para trás fica o que vivi e o que gostaria de ter vivido… e de certeza que gostaria de ter vivido mais intensamente!…

Por ser dia 7 de Maio...

...não podia deixar de assinalar, conforme "prometi" no dia quinze de Abril, a data do naufrágio do Lusitania, durante a 1ª Guerra Mundial.
O Lusitania saiu de Nova York no dia 1 de Maio de 1915 com destino a Liverpool.
No dia 7 de Maio foi atingido por torpedos de um submarino alemão e afundou-se em apenas 15 minutos fazendo quase 1900 mortos.
Este facto provocou grande consternação na opinião pública dos Estados Unidos, que eram à data uma nação neutral no conflito e de onde era originária a maior parte dos passageiros.

domingo, 3 de maio de 2009

Message in a bottle (15)

Um Dia da Mãe sem lugar para culpas (por Isabel Stilwell)

Este ano o Dia do Trabalhador e o Dia da Mãe ficam a vinte e quatro horas de distância. É justo. Ninguém trabalha mais do que as mulheres que têm filhos pequenos, e um estudo feito há alguns anos pela socióloga Anália Torres, dava conta de que também ninguém anda mais cansado do que elas. Mas o duplo turno que acumulam, e que leva a que só tenham , por dia, pouco mais de uma hora para si mesmas, não conta nem metade da história. Fala do trabalho braçal, mas não da vida mental de uma mãe, que se assemelha a um vulcão em constante ebulição.
O primeiro ponto a ter em conta é que não voltamos a ser a mesma pessoa depois de termos um filho. Nunca mais olhamos para o mundo da mesma maneira, nunca mais comemos da mesma maneira, nunca mais acabamos um pensamento...
O amor que sentimos pelos nossos filhos só pode ser mágico, porque se não houvesse aqui magia, e da poderosa, havia momentos em que não resistiríamos a pendurá-los na corda da roupa, tal a capacidade que têm para nos tirar do sério. Mas o mais difícil de suportar, e não melhora com a idade dos filhos, é a pergunta incessante que nos martela o cérebro: "Será que estamos a fazer bem?", "Será que ele vai ser um adulto feliz, realizado e capaz de dar felicidade aos outros?"
Este assumir total da responsabilidade por aquilo que os nossos filhos são, como se não existissem nem pai, nem amigos, nem genes, rouba-nos demasiadas vezes o prazer de estar apenas com eles, sem sermões, nem lições de moral. Esta culpa por um lado agiganta os problemas, por outro impede-nos de educar com segurança. Por vezes, nesta ânsia, fechamo-los em gaiolas ou contagiamo-los com a nossa ansiedade.
Comece já este domingo a treinar-se a viver o momento, a confiar que lhes deu o melhor de si, e que eles vão saber usar (à sua maneira) essa herança, para se tornarem nos mais fantásticos dos seres humanos. Ou não fossem seus filhos.